sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Enluarando



Hoje
eu
vi
a Lua
vagando
pela
rua
:.
Lua esnobe, linda... e nua
:.
Desfilava seu luminar
envolta em flashes pontilhados
na passarela estelar
:.
Hoje
eu
vi
Lua de fases,
fada ou feiticeira...
dos sonhos, mensageira...
corriqueira
dos desamores,
culpada...
blasfemada
dos céus,
eterna viajante...
brilhante
:.
Vi
a
Lua nua
na passarela estelar
deslizando...
ofuscando...
enluarando...
:................................:

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Além-mar




Perdido em mares revoltos
impróprias calmarias
desejos alucinantes
dias cinzentos
tardes rubras
noites claras
sentidos loucos...
:.
Busquei-te
demente
inclemente
incessante
itinerante
no perfume
dos mais belos jasmins
na essência
das mais formosas orquídeas
nos sinuosos caminhos
das lilases flores
de todas as cores...
:.
Descalcei-me
maré vazia no espelho d'água
segui marcas na areia breve
como se o tempo fosse parar
corri o mundo pra te encontrar
terramareando
venci trevas
escalei dunas
explorei vales
desvirginei florestas
cruzei equadores
madrugou
amanheci
entardeceu
anoiteci...
:.
[Gritei-te do Everest
ecos vazios...]
:.
Acolhi profecias
quiromancia
radiestesia
até a dança da chuva
recorria
que diferença fazia?
perplexo, voei além-mar
voltar pra casa?
talvez voltar...
:.............................................:

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Mar aberto




No teu corpo
mora um mar aberto,
tempestuoso...
é nele que navego...
:.
Em carícias plenas percorro
revoltas marés de beijos
me arrisco nas tuas
correntezas
mergulho nas tuas
profundezas
maré vazante de tuas dúvidas
sofreguidão dos teus anseios
sem bússolas pra me orientar
sem leme pra me guiar
exploro teus arredores...
:.
Na espuma delirante
do desejo
deslizo nas tuas encostas
contorno tua ilha
ancoro no teu porto...
onda violenta me arrebata
nado em contra-corrente
pele salgada
conchas,
maresia,
areia,
coral...
:.
E, no rescaldo do devastador maremoto,
sinto tua fragrância estonteante
inebriando-me com essências de amor...
:
teu farol
me guia...
:.
E me perguntas se sou real...
Se sou
noite escura,
chuva,
temporal...
:.........................................:

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Estradas




Enquanto caminho
à beira do abismo
meu coração viaja pela noite
sonho acordado,
janela aberta do surreal
caminhos
que podem ser teus .............
:.
Se quiseres...
:.
Enquanto piso
o chão firme
meus temporais
se formam,
nuvens se dispersam
confundem-se estreitas,
convergentes,
decadentes artérias-estradas...
e me pergunto:
:.
Por onde andam esses passos
que não me alcançam?...
:.
Vivo à sombra dessa ausência...
:.
Enquanto
essa orquídea em flor não abraço
o tempo passa...
sol de verão me aquece,
folhas caem,
chuva me molha o corpo,
encharca a alma...
perfume me envolve,
inebria...
acalma...
:.
Enquanto tu,
brisa noturna que és,
brindo ao céu estrelado...
:........................................
Infinita estrada .............
:.
Que trago nos olhos
:.
E faço em mim...
!
:...........................................:
!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Arco-íris



Seu sopro
chegou até mim
na parede da memória
contorno emoldurado
perfil emergido dos traços
em cada espaço
tempo sem tempo
fio condutor de sonhos
letras, palavras, linhas
estória contada em páginas
folheadas ao vento...
:.
Agora e sempre
presente surreal
esconderijo atemporal
[longe...]
onde as curvas fazem templo
onde artérias-estradas bifurcam-se
em complexos descaminhos
seguem par_feito sem nexo
distante_ juntinho
borbulhas de amor
paralisadas
incolores
ao senso comum...
móbiles imagéticas
ao ousado gesto
incomum...
:.
Seu sopro
chegou até mim
infinitas bolhas de sabão
flutuam livres no céu
desmancham-se
confundem-me
fundem-se
no arco-íris
de minhas estradas
violáceas
de paixão...
:...................................:

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Fogo morto



Deitado solitariamente
em berço esplêndido
ao som do mar
e à luz de um céu profundo
ousou .........................
Uma visão
Uma ilusão
Descabidamente
Não soube o que fazer
:.
Quanto tempo teria?
Permaneceria em berço esplêndido?
— Decididamente ali não seria o seu lugar
:.
Para estar ali
Àquela luz de um céu
pra lá de profundo
(Teria?)
Um motivo
pra lá de justo...

Seu lugar é longe,
bem longe...
Lá onde tudo começa,
no engenho onde o fogo vivo
move engrenagens
e alimenta
sonhos .........................
:.

onde um menino ainda espera
paciente
degrau de barro...
olhar distante...
na cabeça
um pião
nas mãos
enxadão
na barriga
sopa de ilusão...
:.
A viagem é longa,
o caminho íngreme
e a chuva certa
É de lá
que nunca
deveria ter saído
E é pra lá
que vai voltar
praquele engenho
tornar a botar
E o
menino a sonhar e sorrir e brincar
.:.
Sair cedinho...
Ouvir o tico-tico no galho alto cantar
e imitar, assoviar
No mato abrir picada, dar risada,
fazer estrada no caminho torto
Reviver a chama, esquecer o drama
do berço esplêndido,
das ilusões perdidas,
da selva fria,
do menino triste,
do fogo morto.........................:
:..................................................
Wander & Lilibeth, setembro, 2008
:..................................................
:
:.................................................................................:
Os "engenhos" do Nordeste eram, originalmente, estabelecimentos agrícolas destinados à cultura da cana e à fabricação do açúcar. Com a ascensão das usinas, que passaram a comprar dos engenhos sua produção bruta, a cana de açúcar ainda não processada, para fabricar o açúcar, a maior parte desses engenhos foi, aos poucos, deixando de "botar", moer a cana para a fabricação do açúcar. Passam, então, apenas a vender a matéria prima às usinas, tornando-se engenhos "de fogo morto". Perdem, assim, boa parte de seu poder, tornando-se reféns dos preços pagos pelas usinas. É como se encontra, ao final de Fogo Morto — obra prima do escritor paraibano José Lins do Rego —, o decadente engenho Santa Fé.
:.................................................................................:

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Ternura



Tua beleza,
o teu saber,
o encanto da tua alegria,
a meiguice e a suavidade
dos teus gestos,
o brilho do teu olhar,
tua voz doce e gostosa,
a riqueza de tuas palavras,
tudo em ti, minha Lú,
é motivo de muito amor,
um inesquecível realizar de sonhos...
Um minuto de tua presença
vale um milhão de séculos...
Tua luz ilumina um infinito inteiro.
És ternura...
intensa vibração
para
um
renascer
de felicidade....
:....................................:
Dedicado para a minha querida Lú, desejando um feliz aniversário, sorte em sua vida e luz em sua caminhada.
:..:

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Estupidez



Dementes
cruéis
naves
vãs
atravessam
castelos
matam
arremessam
vidas
sãs
pela janela da
História...
:.
Inocentes
histórias
manchadas
sonhos
despedaçados
vidros
estilhaçados
ganância
poder
estupidez...
:.
Dementes
cruéis
cobram preço
alto...
:.
Sofrimento
dor
quem paga
não deve...
:.
Quem manda
(sem o seu escudo)
[na linha de frente]
não se atreve...
:.......................................:
Na manhã de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos da América enfrentaram o pior ataque terrorista da história do país. Quatro aviões comerciais foram seqüestrados logo depois da decolagem, por membros da rede al-Qaeda, e voaram em direção a alvos em Nova York e Washington. Cerca de 2.800 pessoas morreram, e centenas ficaram feridas durante os ataques.

No meio da polêmica sobre guerra e terrorismo lutamos para ouvir a voz daqueles que foram obrigados a carregar os custos da violência: as vítimas da tragédia de 11 de Setembro. Se as partes continuarem com seus objetivos o que se observará será a expansão da raiva e intolerância por muito tempo. A guerra atinge a todos, mas será mesmo, como disse o Presidente americano Bush, uma “guerra contra o demônio”, uma “guerra para proteger a liberdade e a civilização?”

Hoje, 7 anos depois, ao pensar nessa tragédia e em tantas outras igualmente estúpidas provocadas pelo próprio homem, lembro -me de uma parte da música do Renato Russo que diz "(...) não protejo general de dez estrelas que fica atrás da mesa com o cú na mão..."
:.:

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Viagem



Há uma certa luz
incompreensível na distância...
:.
derradeira chama que clama...
amizade evasiva, nociva...
:.
viagem que reluz, seduz...
verdadeiro temor, a dor...
:.
ferida lacerante, penetrante...
futuro malfadado, maculado...
:.
apogeu da renúncia, astúcia...
doença sem cura, amargura...
:.
busca constante, itinerante...
inconseqüente tentativa, agressiva...
:.
o beco, o berro, o tiro,
a grade, o frio, a fuga...
:.
a dose mais forte, a morte...
.
:. . .

... Sem volta*



O sofrimento prossegue
No que acomoda
A dor diante do (des)conforto
Toma ... Consome ...

... Mas não apavora ...

Foi bem ali
Monstros surgiam
Metáforas de uma vida
Engraçada ... Desgraçada

... Mesmo assim perseguida ...

Arrancou um pedaço de si
Lâmina afiada ... Unha encravada
Para compor uma canção
Sem emoção ... Devassada

... Entonação desafinada da navalha ...

Os vermes devoravam o que restou
Caído moribundo no engodo
Jazia o que deveria ser
Humano ... Aventureiro

... Carne em flácida (de)composição ...

Sonha_dor
De tudo que ficou
Nada restou
En_cenAção
Ato ... Último
.
Fim
.
(Lili* - 05/09/2008)

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

(Re)começo do Fim*



Luz incompreensível
Distância que ronda
Agora
Clarão obsoleto
(Des)faz
Sintonia que rasga
Sentido
Derradeira chama
Con_clama
(In)flama a alma
Flui
:.
O beco ... O berro ... O tiro
:.
Amizade evasiva
Nociva
Deixa a vida sem saída
Iludida
Viagem que reluz
Seduz
:.
Escuridão ... Tonteia ... Atordoa
:.
Verdadeiro temor
(In)certeza
Dor insuperável
Incendeia
Terror imputável
Medo
Boca seca
Arde
:.
A grade ... O frio ... A fuga
:.
Pele úmida
ConvidAtiva
Ferida lacerante
Penetra
Aço
Alma dividida
Estilhaça .............
:.
A curiosidade ... O desafio ... A ajuda
:.
Metade (in)sustentável
Afastada
Futuro mal_fadado
(I)maculado
Presente delirante
Poda
:.
Segue ... Adiante ... Irritante
:.
Apogeu da renúncia
Astúcia
Estúpida conclusão
Escolha
:.
O ontem ... O hoje ... O amanhã
:.
Pregado ao passado
Aconchegante
Doença sem cura
Amargura
Chega ao limite
Loucura
Busca constante
Itinerante
Próximo ao delírio
Con_comitante
(In)conseqüente tentativa
Evasiva
Opção ao cômodo
Perseguido
(In)cômodo conhecido
Agride
:.
O grito ... A raiva ... O furo
:.
Perfura cada lado
O inútil
A dose mais forte
A morte
Acabou o encontro
A sorte
:.
Início do fim
...
Agora sim
...
Luz ... Clara ... Clarão
Bem_dita ... Bem_vinda ... Vida
...
(Re)começo do fim
...
:.................................................
Wander & Lilibeth, agosto, 2008
:.................................................


Lenda



Minha estrela
meu sinal
em pensamento
retoco o seu cintilar
com as cores da fantasia
me torno mais forte
e a sua constelação
alcanço
enfim
chego...
:.
Em seu chão firme
suavemente aterrisso
seu calor
me embala
seu brilho
me hipnotiza
seu mistério
me encanta
em sua lenda
viajo...
:.
Minha estrela
meu sinal
guia brilhante
pontilhado altar
na passarela estelar
vem, me conduz...
derrama seu véu
me aponta seu céu
me faz reagir
me voltar e sorrir
e, com a sua
cumplicidade
me sentir
ressurgir...

:........................:

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Desafio



Chão imaginário
guerreiros a postos
desloco minha peça
procuro teus olhos
confuso descubro
a frieza com que jogas
deixo a torre em alerta
na diagonal teu bispo
me cerca...
humilhação,
em xeque
por um voluntarioso peão...
:.
Lance inoportuno
atos em jogo
no Jogo da Vida
tabuleiro de xadrez
armas depostas
defesa minada
guerreiros despedaçados
movimento limitado
sangue, suor...
desequilíbrio emoção e mente
derrota iminente
:.
Nesse desafio
resta um ousado cavalo
ferido
como abrigo...
:.
(Aguardo tua vez
o golpe fatal, talvez)
:.
Dominadora
caçadora
com destreza
brinca com a presa
dissimulada
calada
adia
o xeque-mate
para a próxima jogada...
:.........................................:

Desfoque



Inconsciente desatino
pulso radial
desvio vital
tardio sinal
luzes vozes
dose psicose
corre chôro
sódio soro
período ouro
arraste afaste
assume comande
desfibrile invoque
perfure derrame
mutile corte
desfoque desfoque
dez nove
azar sorte
implore
tempo
enfoque
choque......................

A casa do lago



Na água parada do lago
teu reflexo
espelhado
sinto tua presença
quase posso te tocar...
:.
Quisera poder amar
como um coração apaixonado
entrar no caminho das flores lilases
nas paredes da tua memória
escrever palavras
audazes
contumazes
correr incautos passos
te buscar em tantos traços
em tempo real te alcançar
desfazer embaraços
entender
o que não se consegue explicar...
:.
(O que será de nós
tempo sem tempo
tão perto e a sós?...)
:.
Água parada
reflexo espelhado
brilhantes sóis
refúgio surreal
transcendental
ligação temporal
passional...
sonho acordado
encontro frustrado
ficção ou realidade?
— cumplicidade
:.
Recebo tuas palavras
leio tuas imagens
sinto tua voz
estendo a mão
num quase afago
até, quem sabe,
um dia,
um mês,
um ano...
na nossa
casa do lago...
:........................................:

terça-feira, 2 de setembro de 2008

O flautista



Irás,
iremos juntos
pelas águas do tempo
então me espera
ao alvorecer
desse melodioso dia
e essa LUA (que distraída!)
vagou
enluarou
iluminou
até claro dia brilhou
seu transparente vestido encanto
testemunhou
provocante despido manto...
:.
Melhor é ousar
que tal se liberar...
quem sabe
se desvendar
me revelar
rir, brindar...
comemorar
seguir,
apontar
quem sabe
me procurar
te encontrar
se achar
relaxar
e deixar o SOL
entrar
penetrar pela fresta
bisbilhotar toda festa
:.
Chega o flautista
da flauta doce
da melodia rara
do arco-íris
da sempre-viva
do sempre sol
da quase lua
de toda chuva
das águas claras
do vasto céu
da soprada nota
da sinuosa rota
da perdida estrada
daquela casa
do calmo lago
do quase afago
da linda flor
incauto amor...
:.
E chega
rompendo em alegria
secando o pranto
descobrindo o manto
soprando encanto
em cada canto
dessa alegoria
:. ................................ .:

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Chapéu-barquinho



Por onde andará a minha ilusão?
Teria perdido-se nas vielas surreais
d'algum vale utópico
e, clamando por ajuda amargura?
:.
Quem sabe...
com medo da tempestade
ficou escondidinha
ou aproveitando-se da calmaria
saiu... de fininho... de mansinho...
:.
Ou... será?
cansou de ser ilusão
quis ter uma profissão
navegante
ajudante
comissária
estagiária
real ou imaginária???...
:.
Será que num porto seguro
encontrou seu comandante...
mas...
o que acontecerá doravante?
Respondo que muda
ficará minha escrita...
pálido meu azul...
triste minha lida...
norte meu sul...
:.
E nem assim ela volta...
por onde andará
minha ilusão
não sei...
:.
Preciso procurá-la
nos campos, rios,
mares,
bazares...
afixar cartazes
percorrer ruas
visitar lares
subir na grua
gritar pra lua
sentar na calçada
insone
tentar o tarô
ler um hai-kai
que atrai
consultar o oráculo
superar o obstáculo
displicente
encantar a serpente
de parapente
vasculhar o continente
:.
Onde estará a minha ilusão
não sei
só sei que ela se foi
de mansinho
e levou consigo
o meu chapéu-barquinho...
:. ........................................... .:

Mulher_poema



Hoje
quero deitá-la suavemente
despi-la de frases feitas
que tanto lês em teus livros...
:.
Quero arrancar-te essas
estruturas vocabulares
esses surtos metafóricos
polimórficos
sintáticos
dicionarizados
cifrados
pormenorizados
metódicos...
:.
Hoje
quero torná-la uma poesia
de rima fácil
e final feliz...
Nada de palavras rebuscadas
febrilmente emaranhadas
seletamente misturadas
sabiamente intelectualizadas
:.
(Quem sabe
disfarçá-la
num mini-conto
de dois parágrafos
desses de aprendiz...
o que me diz?)
:.
Quero
copiar versos da minha mente
e tatuá-los na intimidade
da tua pele
docemente entremeados
com azuis intensos
brilhantemente pautados
com amarelos radiantes
elegantemente decorados
com verdes translúcidos
indecentemente pontuados
com vermelhos febris...
:.
Ao final,
minha musa
vou fazer a minha leitura
vou reconhecer-me
em teus vãos
pelos
meios
seios...
vou reler
cada frase
transformada
em verso
sem traumas
sem frescuras
sem rodeios
e dedicar
essa poesia_mulher
à personagem_tema
à mulher_ poema...
:. ................................ .: