quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A suposta existência




Como é o lugar quando ninguém passa por ele?
Existem as coisas sem ser vistas?
O interior do apartamento desabitado?
A pinça esquecida na gaveta?
Os eucaliptos à noite no caminho três vezes deserto?
A formiga sob a terra no domingo?
Os mortos, um minuto depois de sepultados?
E nós, sozinhos no quarto sem espelho?

Carlos Drummond de Andrade

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Na verdade, não sei nada dessa suposta existência.
Não tem como saber.
O que sei é que a gente costuma chamar essa existência de vida.
E o que é "gente"? O que é "vida"?
Quem sabe eu seja personagem de um história infantil e a criança que lê essa história, num momento se distrai, deixa o livro de lado. A mãe da criança encontra o livro e o coloca numa gaveta (dessas gavetas que em toda casa há pelo menos uma). E, então... eu, você, nossa história, as árvores que plantei, os animais que cuidei, a crise financeira, o computador, a tv de plasma, o mp3, o jogo de copas, o overmundo, o ocidente, o buraco na camada de ozônio... desaparecem.
Pensando bem, qual será a sensação de desaparecer....?
Citando o mestre Drummond, deixo aqui uma de suas perguntas retóricas: "existem as coisas sem ser vistas?"

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