No curta "Ilha das flores", de Jorge Furtado, a primeira legenda que aparece é
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"ESSA NÃO É UMA OBRA DE FICÇÃO"
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A miséria a que o capitalismo selvagem impõe aos menos favorecidos, servilismo e humilhação são mostrados, didaticamente, nessa primorosa obra.
Apesar da intelectualidade humana, que nos diferencia dos demais animais, não obstante o crescimento populacional, a maior oferta de diversidade de produtos de várias marcas e a mídia que impulsiona a onda de consumismo desenfreado no capitalismo, o Homem produz uma quantidade de resíduos sólidos sem a preocupação adequada com seu descarte e suas consequências socioambientais graves, que refletem negativamente na qualidade de vida do planeta, culminando na própria desvalorização do seu semelhante.
Mas será que os resíduos descartados por muitos podem ser considerados "lixo" para todos?
Quando e como a cadeia alimentar se inverte e os seres dotados do telencefálo altamente desenvolvido e polegar opositor vão disputar com porcos – que não tem nem um polegar, quanto mais opositor –, o que foi rejeitado pelo seu semelhante: ser humano.
Fica a pergunta: onde se quer chegar?
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Assista a esse premiado curta de Jorge Furtado
Acesse http:www.portacurtas.com.br
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Talvez exista uma "Ilha das flores" bem pertinho de você...
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ESPERANÇA...... é a palavra para 2009!
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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Ilha das flores
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Eu sou o seu pescador
a realidade inexiste
então, o que pescas?
apenas, com a minha linha, fujo
uma fuga centrada em mim
padeço
das minhas dúvidas
nem mesmo ouso duvidar
:.
Você surgiu
presa à minha linha de pesca
hipotérmica...
em tom ébrio
proferia
ilógicas palavras...
e ao meu abrigo,
acolhi...
e com minhas vestes,
vesti...
e o crepitar das brasas
foi a sua canção de ninar
e o seu son(h)o
velei...
suas feridas
tratei...
seu frio
tremi...
suas lágrimas
chorei...
:.
Mas...
no seu son(h)o
eu fugia...
no seu son(h)o
eu partia...
e desesperada
gritava
era a mulher-esqueleto
(i)real
assustadora
mas eu não corria...
eu não partia...
não temia
não ia...
apenas
a lia...
:.
Acorde, meu amor
novos sonhos te aguardam...
a chuva cedeu
o sol já nasceu
ouça...
há canção no amanhecer
e é bela...
vem...
dança comigo...
sorria
chore
flutue
sonhe...
vem...
sonhe comigo
faça o que quiser
você é linda
e eu...
bem...
eu sou o seu pescador
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terça-feira, 25 de novembro de 2008
Agora
Berço astral
Elétrons colapsando-se
Chocando-se aos prótons
Originando-se os nêutrons
Singularidade espaço-tempo
Buracos Negros
Insondáveis
Na imensidão
Indevassável do Universo
:.
E aquela luz estelar
Me faz viajar
O que haverá
Logo após o infinito?
E imaginar que
A estrela de outrora
É apenas um brilho
Agora
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São tão remotas as estrelas que,
apesar da vertiginosa velocidade da luz,
elas se apagam e continuam a brilhar
durante séculos (...)
(Euclides da cunha in Mundos Extintos)
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sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Entre copos...
tão banal...
Essas cervejas
tão geladas
E esse silêncio
rondando
insondável
mistério
E essas poucas luzes
que só fazem
tremeluzir
confundir
E esse desassossego
que me toma
Essa ausência
indefinida
que me invade
E mais alguns copos
e a vida é boa
é insuperável
algo assim
inenarrável
confortável
recostar-se na cadeira
tomar mais um gole
e dizer para
quem quiser ouvir
como é bom estar aqui
e saber que
mesmo
nesse momento
mesmo que
só em pensamento
estás tão pertinho
de mim...
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tim-tim!!!
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quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Rabiscos
constato
te sinto
não minto
vôo
não sôo
divago
não trago
medito
acredito
no infinito
pouso
sem repouso
invento
sem lamento
fomento
falo
calo
talho
no embalo
danço
o pranto
meu canto
desfiro
rabiscos
cabeça
na lua
bela
nua
imito
a cor da rosa
no verso
em prosa
maldigo
maldito
sem dito
nem escrito
cifro
meu s.o.s.
segredo
complexo
indigesto
rabisco
sem piedade
a crua
verdade
sou
mais um
falido
transatlântico
no mar
da intranquila
idade...
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Como diz o Zé Ramalho em seu Falido Transatlântico:
Somos na verdade milhões de transatlânticos falidos em pleno, em pleno mar da tranqüilidade (...)"
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segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Coisas que eu sei
Composição: Dudu Falcão
Eu quero ficar perto
De tudo que acho certo
Até o dia em que eu
Mudar de opinião
A minha experiência
Meu pacto com a ciência
Meu conhecimento
É minha distração...
:.
Coisas que eu sei
Eu adivinho
Sem ninguém ter me contado
O meu rádio relógio
Mostra o tempo errado
Aperte o Play...
:.
Eu gosto do meu quarto
Do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer
Na minha confusão
É o meu ponto de vista
Não aceito turistas
Meu mundo tá fechado
Pra visitação...
:.
Coisas que eu sei
O medo mora perto
Das idéias loucas
Se eu for eu vou assim
Não vou trocar de roupa
É minha lei...
:.
Eu corto os meus dobrados
Acerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais
Depois que eu já paguei
Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas
Depois eu já nem lembro
Do que eu desenhei...
Coisas que eu sei
:.
Não guardo mais agendas
No meu celular
Coisas que eu sei
Eu compro aparelhos
Que eu não sei usar
Eu já comprei...
:.
Às vezes dá preguiça
Na areia movediça
Quanto mais eu mexo
Mais afundo em mim
Eu moro num cenário
Do lado imaginário
Eu entro e saio sempre
Quando tô a fim...
:.
Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
:.
Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
:.
Agora eu sei...
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Sem comentários
Feliz niver pra mim
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sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Sexta-feira
lindos olhos...
desvio a atenção
troco a vírgula
tiro o ponto
inventar palavras
na mesa do bar
me deixa tonto
sexta-feira
tulipa suada
vista embaçada
cinzeiro lotado
banheiro cotado
mais um?
escuro!
escrevo
um pouco mais
ficou de mais
não sei quanto
apago um tanto
foge o texto
falha a rima
molha tudo
troca a toalha!
farpas,
faíscas
piadas
risadas,
gargalhadas
engasgadas
olhares descartados
devassados
engraxate
biscate
guardanapo
queijo
vinho
seco ou suave?
serve gelado!
bolinho
belisco
petisco
limão
caipirinha
magrinha, lindinha
não tá sozinha
embora que hora?
agora!
gorjeta
sarjeta
sem culpa
desculpa
na prova dos nove
me sobrou um engov
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Máquina do tempo
No desenrolar da história, Zé Carioca utiliza o jornal futurístico para saber o resultado da loteca e ganhar uma bolada em dinheiro.
Esperto ele, né?
Só que... sabe como são as revistinhas...
Zé Carioca não entende como pode ter feito apenas 12 pontos se copiou tudo certinho.
A resposta lhe salta aos olhos quando encontra o Peninha, sobrinho do Tio Patinhas, se lamentando por ter sido despedido do Jornal só porque cometeu um pequeno erro: "trocou um dos resultados da Loteria Esportiva."
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Déjá vu
pessoas
objetos
circunstâncias
um perfume...
por um instante
um lapso na memória
um momento vi vindo
nessa vida
fez-se sonho acordado
arrepiado
estranho a estranheza
que fica martelada
já ter visto o inusitado...
:.
Olhei em volta...
um quadro
um bilhete
um tapete...
sentia sem saber
sabia sem sentido...
aquilo já havia acontecido...
:.
Tive um déjà vu
teimei
pasmei
nem sei
se de lá já vi
ou se já voltei...
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(poema dedicado à minha Lú,
agosto/2008)
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sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Seu verbo é ganhar (ou Um dia de fúria)
o pesadelo recordar
a promessa blasfemar
a língua queimar
o pão esturricar
o suco salgar
um queijo pra colesterar
sair de casa sem beijar
a van da hora deixar passar
só para se atrasar
ler o jornal pra não falar
na portaria não cumprimentar
na roleta entalar
deixar o telefone berrar
mandar o chefe tomar
na reunião nem opinar
só pra incomodar
o teclado quebrar
o monitor saturado porrar
o mouse ótico derrubar
a home page detonar
a arte-final rasurar
a ligação não retornar
se for cobrança então nem pensar
torcer pro tempo andar
comer um sanduba no bar
na escada rolante tropeçar
fazer o alarme disparar
só pra morena olhar
perder o celular
ferrar o calcanhar
tomar pingo de ar
num trombadinha trombar
um trident mastigar
o horário do almoço prolongar
ouvir piadinhas ao voltar
o ponto nem marcar
só pra debochar
o leiaute reprovar
o programa contestar
mandar o bill se danar
ver o tempo não passar
ouvir que o trânsito vai devagar
a rio branco vai engarrafar
o metrô vai parar
a crise financeira vai agravar
a camada de ozônio vai acabar
a maria-chuteira vai casar
a prefeitura vai consertar
o presidente vai viajar
e...
mandar o mundo se catar
ir no maraca ver o mengo jogar
sentir a galera inflamar
o coração acelerar
vibrar, pular, cantar
se emocionar
golear
Quem não pagou pra ver perdeu uma das melhores exibições do rubro-negro nesse campeonato. Comandados pelo aniversariante do dia, Léo Moura e pelo lendário Obina o Mengão não tomou conhecimento da boa campanha do Coritiba e disparou uma goleada de 5 x 0, com direito a gol até do goleiro Bruno.
Esse texto é uma homenagem ao "Mais querido do Brasil" -- o Flamengo -- time de tranta tradição e inúmeras glórias, capaz de provocar reações de amor e ódio, alegria e tristeza, enfim, emoção. Que o digam os torcedores das demais equipes que, mesmo juntas, não conseguem superar a enormidade que é a Nação Rubro-Negra.
No seu dia de fúria, vá assistir a um jogo do Mengo, eu recomendo.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
A suposta existência
Como é o lugar quando ninguém passa por ele?:..................................................................................:
Existem as coisas sem ser vistas?
O interior do apartamento desabitado?
A pinça esquecida na gaveta?
Os eucaliptos à noite no caminho três vezes deserto?
A formiga sob a terra no domingo?
Os mortos, um minuto depois de sepultados?
E nós, sozinhos no quarto sem espelho?
Carlos Drummond de Andrade
Na verdade, não sei nada dessa suposta existência.
Não tem como saber.
O que sei é que a gente costuma chamar essa existência de vida.
E o que é "gente"? O que é "vida"?
Quem sabe eu seja personagem de um história infantil e a criança que lê essa história, num momento se distrai, deixa o livro de lado. A mãe da criança encontra o livro e o coloca numa gaveta (dessas gavetas que em toda casa há pelo menos uma). E, então... eu, você, nossa história, as árvores que plantei, os animais que cuidei, a crise financeira, o computador, a tv de plasma, o mp3, o jogo de copas, o overmundo, o ocidente, o buraco na camada de ozônio... desaparecem.
Pensando bem, qual será a sensação de desaparecer....?
Citando o mestre Drummond, deixo aqui uma de suas perguntas retóricas: "existem as coisas sem ser vistas?"
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quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Contagiro
doente
viciada
alma devassada
dura calçada...
:.
É fria
É fogo
É foda
Tudo roda
:.
suspiro
maldita
saideira
tonteira
cegueira
cana
grama
cama
galo dormente
cão vadio
chão imundo
:.
Sem noção
Sem direção
Sem prumo
Sem rumo
Sem sentido
Sem real
Sem vergonha!
:.
estanca o corte
fica esperto
o azar é certo...
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terça-feira, 21 de outubro de 2008
Fogueira fétida
Labirinto
Pelo avançado da hora
.............
Demora
.............
ou
Pelo avançado cansaço
.............
Bagaço
.............
Degradação
Perturbação
Consumição
Piração...
Insano ou
são
Horas, dias, meses...
Anos...
Desperdiçados
[Recompensados????]
:.
Sentiu-se só...
Perdido
Caos
Desordem
Terremoto
Guerra
............. Labirinto:.
Tudo
Tão e tanto
Errado...
:.
Fazer, desfazer...
Refazer?
:.
Teria mais tempo para perder?
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quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Frágil fortaleza
Ligada
Ao fio da vida
Cole os pedaços
Estilhaçados
Na corda bamba
Recorte a vida
Ungida
Ao terror da perda
Recorte o dia
Imprestável
À barriga vazia
Sustente o corpo
Despedaçado
Ao cair da noite
Os fortes braços
Ancorados
Na terra firme
Recorte a perdaA trilha árdua
Picotada
Às frágeis mãos...
Os pés descalços
Esfolados
Em solo fértil
A pele seca
Riscada
Em papel-fino
A cabeça erguida
Aprumada
À nuvem-lume
O corpo suado
Suplica
A alma lavada
Bifurca
Frágil ... Forte
A hipocrisia
Respinga
O sangue quente.............................................. (Nossa gente)
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Wander & Lilibeth
Setembro, 2008
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quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Na sombra do lixo
ao doer medial agulha lacerando
flácida pele a meio palmo da eutanásia
................................................. acordou
pelo ralo do esgoto
enlameado escorregou
.................................................. escoou
ao assistir a miséria do mundo
na plasma da sala de estar
da sua mediocridade
.................................................. corou
passou pelo meio da podridão fétida
e conseguiu encontrar o desvio que conduzia
aos rios de águas transparentes
...................................................................... boiou
alvo certo nas ruas medonhas,
frágil carne contra afiadas adagas,
mesmo tarde da noite
..................................................................... retornou
aprendeu que,
muitas vezes, é preciso
ir ao encontro do mar revolto
.................................................... mergulhou
absorto em dúvidas cruciais,
madrugadas sedentas,
mancando em toscas letras,
de um verbo no infinitivo
..................................................... lembrou
ao encontrar uma onda gigantesca
e furiosa por ter sido invadida
por detritos funestos
..................................................... avançou
ao avistar um trator desgovernado
vindo em sua direção para esmigalhar
suas entranhas até saltarem pelas órbitas
..................................................................... parouSorte de quem
ao fim e ao resto,
no lixo das vísceras
reviradas, animalescamente disputadas,
sua parte
..................................................................... tomou
:...........................................................:
(Sorte de quem
.............................................................
............................................................Escolheu)
:..............................................:
Lilibeth & Wander
:..............................................:
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Momento eu!!!
Coração nas estrelas...
Minh'alma viaja leve como pluma:
asas abertas... !
Sinto na plenitude do silêncio
Indecifrável dialeto
Medieval
Surreal
Atemporal...
Em plano
Diferencial
Afloram emoções
Reais
Sonho segredos
Que não consigo
Recordar
No infinito agoraSigo
Faço minha hora
Mergulho fundo
Universo em mim
Redescubro
Essa imensidão
Prudente
Silente
Meu momento
Aprendendo
Ensinando
Muito mais
Que tantas palavras...
:...............................................:
posso te esperar por toda a minha vida...
-Oscar Wilde
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Parapente
Voar
parapente
coragem latente
pássaro a planar
colorindo
tingindo...
milhas e milhas
subindo
suave
em sintonia
perfeita
ao sabor das correntes...
:.
Voar
parapente
coragem latente
mergulho
cadente
ascendente...
vento
turbulento
brisa
calmaria
adrenalina
retina
praia
maresia
pulso
ação
sol
menina...
:.
Voar
parapente
coragem
latente
sem asas
azul
voar...
sem hora
branco
pousar...
verde
voltar...
rubro correr...
vazio saltar...
alçar
contemplar
P
a
r
a
p
e
n t e a r : p e l o : ar :V o a r .............
Livremente...
parapente
voar...
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Insônia
n
ã
o durmo
viajo em mim...
abro portas
crio imagens...
sons...!
Lembro-me daquele colégio,
janelas sem vidros
onde tirei o meu
primeiro 10 em Química
e da professorinha que morria de medo de
relâmpagos...!
Do programa de computador que, enfim, funcionou
e de tantos outros habilitados, testados, elogiados, criticados, arquivados, detonados, caducados...!
Do pai demitido às vésperas do Natal
Da indescritível felicidade em ser pai
E da irreparável tristeza que é em ficar sem os pais...!
Da infância, dos avós, dos primos, Cordeiro...
Do primeiro dia no primeiro emprego...
chopp, praia, futebol amores, flores, carros, cores, escolhas
alegrias e decepções...!
Tantos sons...tantas imagens...
Tantas portas abertas
Que temo não
conseguir fechá-las...!!
E o gato dormindo na poltrona...
felizes são os gatos...
terça-feira, 7 de outubro de 2008
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Projeto poeta
Havia um zumzumzum no ar
O povo domingueiro comumente atarefado parecia extasiado
Era dia de festa: dia do nascimento do poeta
E gente e mais gente surgia
De anormais a artistas,
Circenses malabaristas,
Crianças carameladas,
Dançarinas descasadas,
Doentes desenganados,
Bêbados excomungados,
Doutores engravatados,
Motociclistas tatuados de caravanas desertados...
:.
Analistas de sistemas, os mais conceituados especialistas,
Complexo sistema elaboravam
Cálculos binários efetuavam, tempos, sóis e luas mediam.
O tom azulado do mar mesclavam ao tênue brilho etelar...
Colhiam gotas de orvalho, captavam brisas, tempestades, calmarias...
Na internet pesquisavam amor, dor
Angústia, ideal, desconfiança,
:.
E, finalmente, juntaram os cálculos,
As análises, as meditações, escrituras e leituras
Programadores ansiosos em excéis tabularam
Digitadores, às pressas convocados, furiosamente planilharam
E testaram...
:.
:.
:.
:.
Uma confusão se estabeleceu...
Como assim o poeta não nasceu?
:.
O que havia de errado,
quem seria o culpado?
O programador descompensado,
o digitador apressado
ou o povo aglomerado?
A máquina inoperante
ou o sol escaldante?
:.
E, sob protestos, surtos, vaias
um cartaz foi afixado
:.
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:::::: Projeto Poeta abortado ::::::
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
domingo, 5 de outubro de 2008
Dança da chuva
E choveu...
Durante longos meses
Choveu e choveu.
Rios e mares encontraram-se num só curso.
E inundaram, e destruíram, e tudo invadiram.
E povos inteiros pereceram.
Mãos para os céus rogaram preces.
Profetas diziam que tudo estava escrito,
E agarrados às suas profecias, submergiam.
Boatos corriam que crianças com nadadeiras nasciam,
E que ricaços em transatlânticos partiam... para onde iriam?
:.
E... choveu, e... choveu...
:.
E, quem sobreviveu... com a intempérie aprendeu!
E reprojetaram, e reinventaram, e reciclaram, e tudo reconstruíram.
E da água comeram, da água beberam. E, quem diria?
A água já não mais temiam.!
................................................................
Até que... um dia...!
................................................................
A chuva cessou
E o sol novamente brilhou
E as águas retrocederam
E rios e mares aos seus cursos verteram
Profetas emergiam bradando eu já sabia!, e bisonhamente sorriam
Boatos corriam que das crianças as nadadeiras caíam
E que transatlânticos de luxo numa floresta jaziam
E o sol brilhou e brilhou...
E as casas voltaram a ser casas
As ruas voltaram a ser ruas
Os povoados voltaram a ser povoados
Barcos, obsoletos, dos telhados foram retirados
E o sol brilhou e brilhou por longos meses...
:.
Brilhou, brilhou...!
:.
E o rio secou
A colheita não vingou
Mãos para os céus rogaram preces
De onde tirar sustento, aplacar a sede?
E povos inteiros pereceram...
E, nas noites quentes da única estação que restou
Ouviam-se o chacoalhar de corpos suados
Ao tenso ritmo da dança da chuva...
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: by Wander - Dezembro, 12, 2007
:......................................................................
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Único espectador
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Segundos a S.O.S...
:.
Quanto tempo temos
Antes de voltarem
Aquelas ondas
Que
vieram como gotas em silêncio
Tão
furioso
Derrubando homens
Entre outros animais
Devastando a sede desses matagais
(Eternas ondas, Fagner)
:.
(As profecias, Raul Seixas)
:.
Alguns edifícios explodiam
Pessoas corriam
Eu
disse bom dia
E ignorei
Telefonei
Pr’um toque qualquer
E não tinha
Ninguém respondeu
Eu
disse:
“Deus, Nostradamus
Forças do bem e da maldade
Vudoo, calamidade, juízo final
Então és tu?”
(Nostradamus, Eduardo Dussek)
:.
Tal aproximação o fará refletir a luz do sol, fazendo-o ser visto como um “segundo sol” durante sete dias em diversas partes do mundo, em pleno meio-dia.Segundo interpretações das profecias e cálculos astronômicos, a mera entrada de Hercólobus no sistema solar causará um tsunami (uma onda gigantesca no mar, que alcançará cerca de cinco quilômetros de altura), além de movimentos tectônicos e terremotos, devidos à vibração e à energia que se produzirá pela atração de Hercólobus sobre a Lua. A rotação dos eixos da Terra será acelerada violentamente e os pólos serão o Equador...
Fins e meios
deve desejar também os meios
porém nem todos os meios
são permissíveis
e em certas circunstâncias
os meios
podem ser mais importantes
que os fins
mas a definição de um fim é
precisamente
a justificação dos meios
ao lidarmos com meios e fins
não poderemos nunca impedir
que alguém
recorra a todos os meios
para alcançar os seus fins...
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Enluarando
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Além-mar
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Mar aberto
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Estradas
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Arco-íris
chegou até mim
na parede da memória
contorno emoldurado
perfil emergido dos traços
em cada espaço
tempo sem tempo
fio condutor de sonhos
letras, palavras, linhas
estória contada em páginas
folheadas ao vento...
:.
Agora e sempre
presente surreal
esconderijo atemporal
[longe...]
onde as curvas fazem templo
onde artérias-estradas bifurcam-se
em complexos descaminhos
seguem par_feito sem nexo
distante_ juntinho
borbulhas de amor
paralisadas
incolores
ao senso comum...
móbiles imagéticas
ao ousado gesto
incomum...
:.
Seu sopro
chegou até mim
infinitas bolhas de sabão
flutuam livres no céu
desmancham-se
confundem-me
fundem-se
no arco-íris
de minhas estradas
violáceas
:...................................:
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Fogo morto
Deitado solitariamente
em berço esplêndido
ao som do mar
e à luz de um céu profundo
ousou .........................
Uma visão
Uma ilusão
Descabidamente
Não soube o que fazer
:.
Quanto tempo teria?
Permaneceria em berço esplêndido?
— Decididamente ali não seria o seu lugar
:.
Para estar ali
Àquela luz de um céu
pra lá de profundo
(Teria?)
Um motivo
pra lá de justo...
Seu lugar é longe,
bem longe...
Lá onde tudo começa,
no engenho onde o fogo vivo
move engrenagens
e alimenta
sonhos .........................
:.
Lá
onde um menino ainda espera
paciente
degrau de barro...
olhar distante...
na cabeça
um pião
nas mãos
enxadão
na barriga
sopa de ilusão...
:.
A viagem é longa,
o caminho íngreme
e a chuva certa
É de lá
que nunca
deveria ter saído
E é pra lá
que vai voltar
praquele engenho
tornar a botar
E o
menino a sonhar e sorrir e brincar
.:.
Sair cedinho...
Ouvir o tico-tico no galho alto cantar
e imitar, assoviar
No mato abrir picada, dar risada,
fazer estrada no caminho torto
Reviver a chama, esquecer o drama
do berço esplêndido,
das ilusões perdidas,
da selva fria,
do menino triste,
do fogo morto.........................:
:..................................................
Wander & Lilibeth, setembro, 2008
:..................................................
:
:.................................................................................:
Os "engenhos" do Nordeste eram, originalmente, estabelecimentos agrícolas destinados à cultura da cana e à fabricação do açúcar. Com a ascensão das usinas, que passaram a comprar dos engenhos sua produção bruta, a cana de açúcar ainda não processada, para fabricar o açúcar, a maior parte desses engenhos foi, aos poucos, deixando de "botar", moer a cana para a fabricação do açúcar. Passam, então, apenas a vender a matéria prima às usinas, tornando-se engenhos "de fogo morto". Perdem, assim, boa parte de seu poder, tornando-se reféns dos preços pagos pelas usinas. É como se encontra, ao final de Fogo Morto — obra prima do escritor paraibano José Lins do Rego —, o decadente engenho Santa Fé.
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sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Ternura
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Estupidez
cruéis
naves
vãs
atravessam
castelos
matam
arremessam
vidas
sãs
pela janela da
História...
:.
histórias
manchadas
sonhos
despedaçados
vidros
estilhaçados
ganância
poder
estupidez...
:.
Dementes
cruéis
cobram preço
alto...
:.
não deve...
:.
(sem o seu escudo)
[na linha de frente]
não se atreve...
No meio da polêmica sobre guerra e terrorismo lutamos para ouvir a voz daqueles que foram obrigados a carregar os custos da violência: as vítimas da tragédia de 11 de Setembro. Se as partes continuarem com seus objetivos o que se observará será a expansão da raiva e intolerância por muito tempo. A guerra atinge a todos, mas será mesmo, como disse o Presidente americano Bush, uma “guerra contra o demônio”, uma “guerra para proteger a liberdade e a civilização?”
Hoje, 7 anos depois, ao pensar nessa tragédia e em tantas outras igualmente estúpidas provocadas pelo próprio homem, lembro -me de uma parte da música do Renato Russo que diz "(...) não protejo general de dez estrelas que fica atrás da mesa com o cú na mão..."
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Viagem
... Sem volta*
No que acomoda
A dor diante do (des)conforto
Toma ... Consome ...
... Mas não apavora ...
Foi bem ali
Monstros surgiam
Metáforas de uma vida
Engraçada ... Desgraçada
... Mesmo assim perseguida ...
Arrancou um pedaço de si
Lâmina afiada ... Unha encravada
Para compor uma canção
Sem emoção ... Devassada
... Entonação desafinada da navalha ...
Os vermes devoravam o que restou
Caído moribundo no engodo
Jazia o que deveria ser
Humano ... Aventureiro
... Carne em flácida (de)composição ...
Sonha_dor
De tudo que ficou
Nada restou
En_cenAção
Ato ... Último
.
Fim
.
(Lili* - 05/09/2008)
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
(Re)começo do Fim*
Luz incompreensível
Distância que ronda
Agora
Clarão obsoleto
(Des)faz
Sintonia que rasga
Sentido
Derradeira chama
Con_clama
(In)flama a alma
Flui
:.
O beco ... O berro ... O tiro
:.
Amizade evasiva
Nociva
Deixa a vida sem saída
Iludida
Viagem que reluz
Seduz
:.
Escuridão ... Tonteia ... Atordoa
:.
Verdadeiro temor
(In)certeza
Dor insuperável
Incendeia
Terror imputável
Medo
Boca seca
Arde
:.
A grade ... O frio ... A fuga
:.
Pele úmida
ConvidAtiva
Ferida lacerante
Penetra
Aço
Alma dividida
Estilhaça .............
:.
A curiosidade ... O desafio ... A ajuda
:.
Metade (in)sustentável
Afastada
Futuro mal_fadado
(I)maculado
Presente delirante
Poda
:.
Segue ... Adiante ... Irritante
:.
Apogeu da renúncia
Astúcia
Estúpida conclusão
Escolha
:.
O ontem ... O hoje ... O amanhã
:.
Pregado ao passado
Aconchegante
Doença sem cura
Amargura
Chega ao limite
Loucura
Busca constante
Itinerante
Próximo ao delírio
Con_comitante
(In)conseqüente tentativa
Evasiva
Opção ao cômodo
Perseguido
(In)cômodo conhecido
Agride
:.
O grito ... A raiva ... O furo
:.
Perfura cada lado
O inútil
A dose mais forte
A morte
Acabou o encontro
A sorte
:.
Início do fim
...
Agora sim
...
Luz ... Clara ... Clarão
Bem_dita ... Bem_vinda ... Vida
...
(Re)começo do fim
...
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Wander & Lilibeth, agosto, 2008
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Lenda
Minha estrela
meu sinal
em pensamento
retoco o seu cintilar
com as cores da fantasia
me torno mais forte
e a sua constelação
alcanço
enfim
chego...
:.
Em seu chão firme
suavemente aterrisso
seu calor
me embala
seu brilho
me hipnotiza
seu mistério
me encanta
em sua lenda
viajo...
:.
Minha estrela
meu sinal
guia brilhante
pontilhado altar
na passarela estelar
vem, me conduz...
derrama seu véu
me aponta seu céu
me faz reagir
me voltar e sorrir
e, com a sua
cumplicidade
me sentir
ressurgir...
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quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Desafio
Desfoque
A casa do lago
Na água parada do lago
teu reflexo
espelhado
sinto tua presença
quase posso te tocar...
:.
Quisera poder amar
como um coração apaixonado
entrar no caminho das flores lilases
nas paredes da tua memória
escrever palavras
audazes
contumazes
correr incautos passos
te buscar em tantos traços
em tempo real te alcançar
desfazer embaraços
entender
o que não se consegue explicar...
:.
(O que será de nós
tempo sem tempo
tão perto e a sós?...)
:.
Água parada
reflexo espelhado
brilhantes sóis
refúgio surreal
transcendental
ligação temporal
passional...
sonho acordado
encontro frustrado
ficção ou realidade?
— cumplicidade
:.
Recebo tuas palavras
leio tuas imagens
sinto tua voz
estendo a mão
num quase afago
até, quem sabe,
um dia,
um mês,
um ano...
na nossa
casa do lago...
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terça-feira, 2 de setembro de 2008
O flautista
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Chapéu-barquinho
Teria perdido-se nas vielas surreais
d'algum vale utópico
e, clamando por ajuda amargura?
:.
Quem sabe...
com medo da tempestade
saiu... de fininho... de mansinho...
:.
Ou... será?
cansou de ser ilusão
quis ter uma profissão
navegante
ajudante
comissária
estagiária
real ou imaginária???...
:.
Será que num porto seguro
encontrou seu comandante...
mas...
o que acontecerá doravante?
Respondo que muda
ficará minha escrita...
pálido meu azul...
triste minha lida...
norte meu sul...
:.
E nem assim ela volta...
por onde andará
minha ilusão
não sei...
:.
Preciso procurá-la
bazares...
insone
ler um hai-kai
que atrai
consultar o oráculo
superar o obstáculo
displicente
Onde estará a minha ilusão
não sei
só sei que ela se foi
de mansinho
e levou consigo
o meu chapéu-barquinho...
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Mulher_poema
Quero arrancar-te essas
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Entrelinhas
Deixa que eu te leia
palavra por palavra
índice
prefácio
dedicatória...
entenda suas entrelinhas
analise sua concordância
verso e anverso...
:.
Deixa que eu te estude em cada frase
soletre cada verbo
revise cada crase
deixa que eu decifre suas metáforas
interprete sua estrutura
te traduza do esperanto,
húngaro, latim... galês
descanse nas suas vírgulas
responda suas interrogações
conheça seus períodos
goste do seu estilo
vibre com suas exclamações...
:.
Deixa que eu desrespeite sua pontução
desarticule sua construção
critique sua citação
ratifique sua indecisão
publique sua afirmação
indefira sua apelação
sublinhe sua contradição
elogie sua consideração
abstraia sua divagação...
:.
Deixa que eu te leia em cada parágrafo
pausadamente
para quando chegar ao fim
eu possa voltar
e te reler
agora
de
trás
pra frente...
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