segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Ilha das flores




No curta "Ilha das flores", de Jorge Furtado, a primeira legenda que aparece é
:.
"ESSA NÃO É UMA OBRA DE FICÇÃO"
:.
A miséria a que o capitalismo selvagem impõe aos menos favorecidos, servilismo e humilhação são mostrados, didaticamente, nessa primorosa obra.
Apesar da intelectualidade humana, que nos diferencia dos demais animais, não obstante o crescimento populacional, a maior oferta de diversidade de produtos de várias marcas e a mídia que impulsiona a onda de consumismo desenfreado no capitalismo, o Homem produz uma quantidade de resíduos sólidos sem a preocupação adequada com seu descarte e suas consequências socioambientais graves, que refletem negativamente na qualidade de vida do planeta, culminando na própria desvalorização do seu semelhante.
Mas será que os resíduos descartados por muitos podem ser considerados "lixo" para todos?
Quando e como a cadeia alimentar se inverte e os seres dotados do telencefálo altamente desenvolvido e polegar opositor vão disputar com porcos – que não tem nem um polegar, quanto mais opositor –, o que foi rejeitado pelo seu semelhante: ser humano.
Fica a pergunta: onde se quer chegar?
:.
Assista a esse premiado curta de Jorge Furtado
Acesse http:www.portacurtas.com.br
:.
Talvez exista uma "Ilha das flores" bem pertinho de você...
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.
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ESPERANÇA...... é a palavra para 2009!
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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Eu sou o seu pescador



Tudo é sonho
a realidade inexiste
então, o que pescas?
apenas, com a minha linha, fujo
uma fuga centrada em mim
obscureço
padeço
das minhas dúvidas
nem mesmo ouso duvidar
:.
Você surgiu
presa à minha linha de pesca
hipotérmica...
em tom ébrio
proferia
ilógicas palavras...
e ao meu abrigo,
acolhi...
e com minhas vestes,
vesti...
e o crepitar das brasas
foi a sua canção de ninar
e o seu son(h)o
velei...
suas feridas
tratei...
seu frio
tremi...
suas lágrimas
chorei...
:.
Mas...
no seu son(h)o
eu fugia...
no seu son(h)o
eu partia...
e desesperada
gritava
era a mulher-esqueleto
(i)real
assustadora
mas eu não corria...
eu não partia...
não temia
não ia...
apenas
a lia...
:.
Acorde, meu amor
novos sonhos te aguardam...
a chuva cedeu
o sol já nasceu
ouça...
há canção no amanhecer
e é bela...
vem...
dança comigo...
sorria
chore
flutue
sonhe...
vem...
sonhe comigo
faça o que quiser
você é linda
e eu...
bem...
eu sou o seu pescador
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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Agora



Supernova explodindo
Berço astral
Elétrons colapsando-se
Chocando-se aos prótons
Originando-se os nêutrons
Singularidade espaço-tempo
Buracos Negros
Insondáveis
Na imensidão
Indevassável do Universo
:.
E aquela luz estelar
Me faz viajar
O que haverá
Logo após o infinito?
Seriam os deuses
Astronautas?
E imaginar que
A estrela de outrora
É apenas um brilho
Agora
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São tão remotas as estrelas que,
apesar da vertiginosa velocidade da luz,
elas se apagam e continuam a brilhar
durante séculos (...)
(Euclides da cunha in Mundos Extintos)

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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Entre copos...



Uma noite
tão banal...
Essas cervejas
tão geladas
E esse silêncio
rondando
insondável
mistério
E essas poucas luzes
que só fazem
tremeluzir
confundir
E esse desassossego
que me toma
Essa ausência
indefinida
que me invade
E mais alguns copos
e a vida é boa
é insuperável
algo assim
inenarrável
confortável
recostar-se na cadeira
tomar mais um gole
e dizer para
quem quiser ouvir
como é bom estar aqui
e saber que
mesmo
nesse momento
mesmo que
só em pensamento
estás tão pertinho
de mim...
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tim-tim!!!
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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Rabiscos



Traço
constato
te sinto
não minto
vôo
não sôo
divago
não trago
medito
acredito
no infinito
pouso
sem repouso
invento
sem lamento
fomento
falo
calo
talho
no embalo
danço
o pranto
meu canto
desfiro
rabiscos
cabeça
na lua
bela
nua
imito
a cor da rosa
no verso
em prosa
maldigo
maldito
sem dito
nem escrito
cifro
meu s.o.s.
segredo
complexo
indigesto
rabisco
sem piedade
a crua
verdade
sou
mais um
falido
transatlântico
no mar
da intranquila
idade...
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Como diz o Zé Ramalho em seu Falido Transatlântico:
Somos na verdade milhões de transatlânticos falidos em pleno, em pleno mar da tranqüilidade (...)"

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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Coisas que eu sei




Danni Carlos
Composição: Dudu Falcão

Eu quero ficar perto
De tudo que acho certo
Até o dia em que eu
Mudar de opinião
A minha experiência
Meu pacto com a ciência
Meu conhecimento
É minha distração...
:.
Coisas que eu sei
Eu adivinho
Sem ninguém ter me contado
O meu rádio relógio
Mostra o tempo errado
Aperte o Play...
:.
Eu gosto do meu quarto
Do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer
Na minha confusão
É o meu ponto de vista
Não aceito turistas
Meu mundo tá fechado
Pra visitação...
:.
Coisas que eu sei
O medo mora perto
Das idéias loucas
Se eu for eu vou assim
Não vou trocar de roupa
É minha lei...
:.
Eu corto os meus dobrados
Acerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais
Depois que eu já paguei
Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas
Depois eu já nem lembro
Do que eu desenhei...
Coisas que eu sei
:.
Não guardo mais agendas
No meu celular
Coisas que eu sei
Eu compro aparelhos
Que eu não sei usar
Eu já comprei...
:.
Às vezes dá preguiça
Na areia movediça
Quanto mais eu mexo
Mais afundo em mim
Eu moro num cenário
Do lado imaginário
Eu entro e saio sempre
Quando tô a fim...
:.
Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
:.
Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
:.
Agora eu sei...
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Sem comentários
Feliz niver pra mim
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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sexta-feira



Aquele instante...
lindos olhos...
desvio a atenção
troco a vírgula
tiro o ponto
inventar palavras
na mesa do bar
me deixa tonto
sexta-feira
tulipa suada
vista embaçada
cinzeiro lotado
banheiro cotado
mais um?
escuro!
escrevo
um pouco mais
ficou de mais
não sei quanto
apago um tanto
foge o texto
falha a rima
molha tudo
troca a toalha!
farpas,
faíscas
piadas
risadas,
gargalhadas
engasgadas
olhares descartados
devassados
engraxate
biscate
guardanapo
queijo
vinho
seco ou suave?
serve gelado!
bolinho
belisco
petisco
limão
caipirinha
magrinha, lindinha
não tá sozinha
embora que hora?
agora!
gorjeta
sarjeta
sem culpa
desculpa
na prova dos nove
me sobrou um engov
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um brinde à sexta-feira... hic... hic...!
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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Máquina do tempo




Às vezes fico imaginando como seria bom ter uma máquina do tempo...
Apertar alguns botões coloridos e assistir o espaço-tempo entrar num loop que permitisse presente e passado de se encontrarem.
Não, não estou falando de uma máquina do tempo “comum”...
Falo em imagens e sons retornando numa velocidade constante me levando de encontro ao aconchego do ventre materno, mas, até chegar lá, eu pudesse ir acompanhando pela janela do tempo vivido os episódios marcantes da minha vida.
Que eu pudesse reviver choros e derrotas e perdas... mas que, acima de tudo, redesfrutasse das vitórias e glórias, não só das minhas, mas das de todos aqueles que atravessaram o meu futuro.
Outras vezes fico imaginando que poderia não ser muito bom assim...
Talvez eu caísse na tentação e mudasse algumas coisas...
Revirasse um sentimento revirado...
Mas que seria interessante, isso seria...
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Numa dessas revistas em quadrinhos baseadas nos personagens da Disney, o prof. Pardal inventa uma máquina do tempo e o espertíssimo Zé Carioca pede para testá-la. O gênio da invenção fica pasmo ao saber que o malandro papagaio só quer fazer uma "visitinha" na próxima segunda-feira e que tão-somente pretende comprar um jornal.
No desenrolar da história, Zé Carioca utiliza o jornal futurístico para saber o resultado da loteca e ganhar uma bolada em dinheiro.
Esperto ele, né?
Só que... sabe como são as revistinhas...
Zé Carioca não entende como pode ter feito apenas 12 pontos se copiou tudo certinho.
A resposta lhe salta aos olhos quando encontra o Peninha, sobrinho do Tio Patinhas, se lamentando por ter sido despedido do Jornal só porque cometeu um pequeno erro: "trocou um dos resultados da Loteria Esportiva."
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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Déjá vu



Um lugar
pessoas
objetos
circunstâncias
um perfume...
por um instante
um lapso na memória
um momento vi vindo
nessa vida
fez-se sonho acordado
arrepiado
estranho a estranheza
que fica martelada
já ter visto o inusitado...
:.
Olhei em volta...
um quadro
um bilhete
um tapete...
sentia sem saber
sabia sem sentido...
aquilo já havia acontecido...
:.
Tive um déjà vu
teimei
pasmei
nem sei
se de lá já vi
ou se já voltei...
:. ......................... .:
(poema dedicado à minha Lú,
agosto/2008)

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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Seu verbo é ganhar (ou Um dia de fúria)



Sem dormir acordar
o pesadelo recordar
a promessa blasfemar
a língua queimar
o pão esturricar
o suco salgar
um queijo pra colesterar
sair de casa sem beijar
a van da hora deixar passar
só para se atrasar
ler o jornal pra não falar
na portaria não cumprimentar
na roleta entalar
deixar o telefone berrar
mandar o chefe tomar
na reunião nem opinar
só pra incomodar
o teclado quebrar
o monitor saturado porrar
o mouse ótico derrubar
a home page detonar
a arte-final rasurar
a ligação não retornar
se for cobrança então nem pensar
torcer pro tempo andar
sair para almoçar
comer um sanduba no bar
na escada rolante tropeçar
fazer o alarme disparar
só pra morena olhar
perder o celular
ferrar o calcanhar
tomar pingo de ar
num trombadinha trombar
um trident mastigar
o horário do almoço prolongar
ouvir piadinhas ao voltar
o ponto nem marcar
só pra debochar
o leiaute reprovar
o programa contestar
mandar o bill se danar
ver o tempo não passar
ouvir que o trânsito vai devagar
a rio branco vai engarrafar
o metrô vai parar
a crise financeira vai agravar
a qualidade de vida vai piorar
a camada de ozônio vai acabar
a maria-chuteira vai casar
a prefeitura vai consertar
o presidente vai viajar
o governador vai apoiar
e...
quando o expediente encerrar
mandar o mundo se catar
ir no maraca ver o mengo jogar
sentir a galera inflamar
o coração acelerar
vibrar, pular, cantar
se emocionar
golear
festejar
brilhar
porque, Flamengo,
seu verbo é ganhar!...
.
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Maracanã, 23.10.2008. A torcida do Fla, ressabiada depois de ter lotado o estádio a pouco mais de dez dias e assistir, incrédula, o time perder para uma equipe que vinha mal das pernas, não comparece em massa.
Quem não pagou pra ver perdeu uma das melhores exibições do rubro-negro nesse campeonato. Comandados pelo aniversariante do dia, Léo Moura e pelo lendário Obina o Mengão não tomou conhecimento da boa campanha do Coritiba e disparou uma goleada de 5 x 0, com direito a gol até do goleiro Bruno.

Esse texto é uma homenagem ao "Mais querido do Brasil" -- o Flamengo -- time de tranta tradição e inúmeras glórias, capaz de provocar reações de amor e ódio, alegria e tristeza, enfim, emoção. Que o digam os torcedores das demais equipes que, mesmo juntas, não conseguem superar a enormidade que é a Nação Rubro-Negra.

No seu dia de fúria, vá assistir a um jogo do Mengo, eu recomendo.
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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A suposta existência




Como é o lugar quando ninguém passa por ele?
Existem as coisas sem ser vistas?
O interior do apartamento desabitado?
A pinça esquecida na gaveta?
Os eucaliptos à noite no caminho três vezes deserto?
A formiga sob a terra no domingo?
Os mortos, um minuto depois de sepultados?
E nós, sozinhos no quarto sem espelho?

Carlos Drummond de Andrade

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Na verdade, não sei nada dessa suposta existência.
Não tem como saber.
O que sei é que a gente costuma chamar essa existência de vida.
E o que é "gente"? O que é "vida"?
Quem sabe eu seja personagem de um história infantil e a criança que lê essa história, num momento se distrai, deixa o livro de lado. A mãe da criança encontra o livro e o coloca numa gaveta (dessas gavetas que em toda casa há pelo menos uma). E, então... eu, você, nossa história, as árvores que plantei, os animais que cuidei, a crise financeira, o computador, a tv de plasma, o mp3, o jogo de copas, o overmundo, o ocidente, o buraco na camada de ozônio... desaparecem.
Pensando bem, qual será a sensação de desaparecer....?
Citando o mestre Drummond, deixo aqui uma de suas perguntas retóricas: "existem as coisas sem ser vistas?"

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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Contagiro



Mente
doente
deseja
viciada
mão não quer
pés não vão
alma devassada
vida atrofiada
vista embaçada
dura calçada...
:.
É fria
É fogo
É foda
Tudo roda
:.

Contagiro
suspiro
maldita
saideira
tonteira
cegueira
cana
rama
grama
cama
lama
quebra cabeça
galo dormente
cão vadio
cara lambida
chão imundo
primeiro gole
último do mundo

:.
Sem noção
Sem direção
Sem prumo
Sem rumo
Sem sentido
Sem real
Sem vergonha!
:.


Tá mamado
tá amarrado
levanta
estanca o corte
fica esperto
tenta a sorte
o azar é certo...
:..................:

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Fogueira fétida



E fez-se fogo
primeiro
secando-lhe
as
entranhas
depois
envelhecendo-lhe
os
olhos
ardendo-lhe
pelas
mãos
dedos
unhas
membros
pés
pelos
pele
chama
fugaz
contumaz
alimentando
fogueira fétida
incinerando-lhe
os
sonhos
para
não
mais
sonhar
.............
sem
poder
acordar
sem
ousar
retornar
sem
temer
vacilar
escolheu
queimar
:.........:

Labirinto




Talvez
Pelo avançado da hora
.............
Demora
.............
ou
Pelo avançado cansaço
.............
Bagaço
.............

Degradação
Perturbação
Consumição
Piração...
Insano ou
são

Horas, dias, meses...
Anos...
Desperdiçados
[Recompensados????]
:.
Sentiu-se só...
Perdido
Caos
Desordem
Terremoto
Guerra
............. Labirinto
:.
Tudo
Tão e tanto
Errado...
:.
Fazer, desfazer...
Refazer?
:.
Teria mais tempo para perder?
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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Frágil fortaleza



Recorte a sorte
Ligada
Ao fio da vida
Cole os pedaços
Estilhaçados
Na corda bamba

Recorte a vida
Ungida
Ao terror da perda

Recorte o dia
Imprestável
À barriga vazia
Sustente o corpo
Despedaçado
Ao cair da noite
Os fortes braços
Ancorados
Na terra firme

Recorte a perda
Picotada
Às frágeis mãos...
Os pés descalços
Esfolados
Em solo fértil
A pele seca
Riscada
Em papel-fino
A cabeça erguida
Aprumada
À nuvem-lume
O corpo suado
Suplica
A alma lavada

A trilha árdua
Bifurca
Frágil ... Forte
A hipocrisia
Respinga
O sangue quente.............................................. (Nossa gente)

:..............................................:
Wander & Lilibeth
Setembro, 2008
:..............................................:

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Na sombra do lixo



Sorte de quem
ao doer medial agulha lacerando
flácida pele a meio palmo da eutanásia
................................................. acordou
Sorte de quem
pelo ralo do esgoto
enlameado escorregou
.................................................. escoou
Sorte de quem
ao assistir a miséria do mundo
na plasma da sala de estar
da sua mediocridade
.................................................. corou
Sorte de quem
passou pelo meio da podridão fétida
e conseguiu encontrar o desvio que conduzia
aos rios de águas transparentes
...................................................................... boiou
Sorte de quem
alvo certo nas ruas medonhas,
frágil carne contra afiadas adagas,
mesmo tarde da noite
..................................................................... retornou
Sorte de quem
aprendeu que,
muitas vezes, é preciso
ir ao encontro do mar revolto
.................................................... mergulhou
Sorte de quem
absorto em dúvidas cruciais,
madrugadas sedentas,
mancando em toscas letras,
de um verbo no infinitivo
..................................................... lembrou
Sorte de quem
ao encontrar uma onda gigantesca
e furiosa por ter sido invadida
por detritos funestos
..................................................... avançou
Sorte de quem
ao avistar um trator desgovernado
vindo em sua direção para esmigalhar
suas entranhas até saltarem pelas órbitas
..................................................................... parou
Sorte de quem
ao fim e ao resto,
no lixo das vísceras
reviradas, animalescamente disputadas,
sua parte
..................................................................... tomou

:...........................................................:
(Sorte de quem
.............................................................

............................................................Escolheu)

:..............................................:
Lilibeth & Wander
Setembro, 2008
:..............................................:

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Momento eu!!!



Cabeça na lua
Coração nas estrelas...
Minh'alma viaja leve como pluma:
asas abertas... !

Sinto na plenitude do silêncio
Indecifrável dialeto
Medieval
Surreal
Atemporal...

Em plano
Diferencial
Afloram emoções
Reais
Sonho segredos
Que não consigo
Recordar

No infinito agora
Faço minha hora
Mergulho fundo
Universo em mim
Redescubro
Essa imensidão
Prudente
Silente

Sigo
Pela Estrada
Minha jornada
Meu momento
Aprendendo
Ensinando
Meu silêncio
Falando
Muito mais
Que tantas palavras...
:...............................................:
Se você não se atrasar demais,
posso te esperar por toda a minha vida...
-Oscar Wilde
:...............................................:

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Parapente




Voar
parapente
coragem latente
pássaro a planar
colorindo
tingindo...
milhas e milhas
subindo
suave
em sintonia
perfeita
ao sabor das correntes...
:.
Voar
parapente
coragem latente
mergulho
cadente
ascendente...
vento
turbulento
brisa
calmaria
adrenalina
retina
praia
maresia
pulso
ação
sol
menina...
:.
Voar
parapente
coragem
latente
sem asas
azul
voar...
sem hora
branco
pousar...
verde
voltar...
rubro correr...
vazio saltar...
alçar
contemplar

P
a
r
a
p
e
n t e a r : p e l o : ar :

V o a r .............

Livremente...
parapente
voar...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Insônia



Enquanto
n
ã
o durmo
viajo em mim...
abro portas
crio imagens...
sons...!

Lembro-me daquele colégio,
janelas sem vidros
onde tirei o meu
primeiro 10 em Química
e da professorinha que morria de medo de
relâmpagos...!

Do programa de computador que, enfim, funcionou
e de tantos outros habilitados, testados, elogiados, criticados, arquivados, detonados, caducados...!

Do pai demitido às vésperas do Natal
Da indescritível felicidade em ser pai
E da irreparável tristeza que é em ficar sem os pais...!

Da infância, dos avós, dos primos, Cordeiro...
Do primeiro dia no primeiro emprego...
chopp, praia, futebol amores, flores, carros, cores, escolhas
erros e acertos...
alegrias e decepções...!

Tantos sons...tantas imagens...
Tantas portas abertas
Que temo não
conseguir fechá-las...!!

E o gato dormindo na poltrona...
felizes são os gatos...
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terça-feira, 7 de outubro de 2008

Apnéia



Vejo-me
entrando no espaço abissal
entre
mim e
o eu sonhado...
caminho sem pé
mergulho
profundo
desvios
saturados
obstruídos
sem ar
não respiro...


Desperto no limite
comemoro a minha volta
tomo
coragem
encho o peito
e sinto a realidade
chover na
janela aberta
em ilusão de sol nascente...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Projeto poeta



Amanheceu diferente
Havia um zumzumzum no ar
O povo domingueiro comumente atarefado parecia extasiado
Era dia de festa: dia do nascimento do poeta
E gente e mais gente surgia
De anormais a artistas,
Circenses malabaristas,
Crianças carameladas,
Dançarinas descasadas,
Doentes desenganados,
Bêbados excomungados,
Doutores engravatados,
Motociclistas tatuados de caravanas desertados...
:.
Analistas de sistemas, os mais conceituados especialistas,
Complexo sistema elaboravam
Cálculos binários efetuavam, tempos, sóis e luas mediam.
O tom azulado do mar mesclavam ao tênue brilho etelar...
Colhiam gotas de orvalho, captavam brisas, tempestades, calmarias...
Na internet pesquisavam amor, dor
Prazer, esperança, utopia
Angústia, ideal, desconfiança,
Melancolia...
:.
E, finalmente, juntaram os cálculos,
As análises, as meditações, escrituras e leituras
Programadores ansiosos em excéis tabularam
Digitadores, às pressas convocados, furiosamente planilharam
E testaram...
:.
Não rodou!...
:.
Novamente testaram...
:.
Travou, nada funcionou...
:.
Uma confusão se estabeleceu...
Como assim o poeta não nasceu?
:.
O que havia de errado,
quem seria o culpado?
O programador descompensado,
o digitador apressado
ou o povo aglomerado?
A máquina inoperante
ou o sol escaldante?
:.
E, sob protestos, surtos, vaias
um cartaz foi afixado
:.
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
::: Vírus no sistema encontrado :::
:::::: Projeto Poeta abortado ::::::
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
:.

domingo, 5 de outubro de 2008

Dança da chuva



E choveu...
E choveu...
Durante longos meses
Choveu e choveu.
Rios e mares encontraram-se num só curso.
E inundaram, e destruíram, e tudo invadiram.
E povos inteiros pereceram.
Mãos para os céus rogaram preces.
Profetas diziam que tudo estava escrito,
E agarrados às suas profecias, submergiam.
Boatos corriam que crianças com nadadeiras nasciam,
E que ricaços em transatlânticos partiam... para onde iriam?
:.
E... choveu, e... choveu...
:.
E, quem sobreviveu... com a intempérie aprendeu!
E reprojetaram, e reinventaram, e reciclaram, e tudo reconstruíram.
E da água comeram, da água beberam. E, quem diria?
A água já não mais temiam.!
................................................................
Até que... um dia...!
................................................................
A chuva cessou
E o sol novamente brilhou
E as águas retrocederam
E rios e mares aos seus cursos verteram
Profetas emergiam bradando eu já sabia!, e bisonhamente sorriam
Boatos corriam que das crianças as nadadeiras caíam
E que transatlânticos de luxo numa floresta jaziam
E o sol brilhou e brilhou...
E as casas voltaram a ser casas
As ruas voltaram a ser ruas
Os povoados voltaram a ser povoados
Barcos, obsoletos, dos telhados foram retirados
E o sol brilhou e brilhou por longos meses...
:.
Brilhou, brilhou...!
:.
E o rio secou
A colheita não vingou
E a fome imperou
Mãos para os céus rogaram preces
De onde tirar sustento, aplacar a sede?
E povos inteiros pereceram...
E, nas noites quentes da única estação que restou
Ouviam-se o chacoalhar de corpos suados
Ao tenso ritmo da dança da chuva...
:.....................................................................:
: by Wander - Dezembro, 12, 2007
:......................................................................

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Único espectador



Fugindo, destruindo
Construindo, abrigando
Premiando
Castigando
Afagando
Magoando
Despertando
Escrevoulendo
Livro da vida
No
palco
As palavras
Que sou criador
Realizador
Platéia e
Único espectador...

:......................................:

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Segundos a S.O.S...



Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas
Dos planetas
Derrubando
Com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam
Se tratar de um outro cometa...
Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora
E vi dois sóis num dia
E a vida que ardia
Sem explicação...
(O Segundo sol, Cássia Eller)

:.
Quanto tempo temos
Antes de voltarem
Aquelas ondas
Que
vieram como gotas em silêncio

Tão
furioso

Derrubando homens
Entre outros animais
Devastando a sede desses matagais
(Eternas ondas, Fagner)
:.

Um gosto amargo na boca.
A moça que sonha, a louca.
O homem que quer mas se esquece,
O mundo do dá ou do desce.
Está em qualquer profecia
Que o mundo se acaba um dia.
Sem fogo, sem sangue, sem ás
O mundo dos nossos ancestrais.
Acaba sem guerra mortais
Sem glórias de Mártir ferido
Sem um estrondo, mas com um gemido.
(As profecias, Raul Seixas)

:.
Alguns edifícios explodiam
Pessoas corriam
Eu
disse bom dia

E ignorei
Telefonei

Pr’um toque qualquer
E não tinha
Ninguém respondeu
Eu
disse:

“Deus, Nostradamus
Forças do bem e da maldade
Vudoo, calamidade, juízo final
Então és tu?”
(Nostradamus, Eduardo Dussek)
:.

Não se afobe, não, que nada é pra já
O amor não tem pressa,
Ele pode esperar
E quem sabe, então o Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Sábios em vão tentarão decifrar
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não, que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
(Futuros amantes, Chico Buarque)
: .
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:
Nostradamus escreveu em algumas das 942 quadras (textos de quatro linhas) de suas Centúrias, previsões a respeito da entrada, em nosso sistema solar, de um de um “planeta invasor”, ou um gigantesco cometa, causando desastres insondáveis, entre eles a mudança do eixo terrestre. Este planeta-cometa é Hercólobus.
Tal aproximação o fará refletir a luz do sol, fazendo-o ser visto como um “segundo sol” durante sete dias em diversas partes do mundo, em pleno meio-dia.Segundo interpretações das profecias e cálculos astronômicos, a mera entrada de Hercólobus no sistema solar causará um tsunami (uma onda gigantesca no mar, que alcançará cerca de cinco quilômetros de altura), além de movimentos tectônicos e terremotos, devidos à vibração e à energia que se produzirá pela atração de Hercólobus sobre a Lua. A rotação dos eixos da Terra será acelerada violentamente e os pólos serão o Equador...
:
Leia também Fim do mundo
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Fins e meios



Quem deseja um fim
deve desejar também os meios
porém nem todos os meios
são permissíveis
e em certas circunstâncias
os meios
podem ser mais importantes
que os fins
mas a definição de um fim é
precisamente
a justificação dos meios
ao lidarmos com meios e fins
não poderemos nunca impedir
que alguém
recorra a todos os meios
para alcançar os seus fins...
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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Enluarando



Hoje
eu
vi
a Lua
vagando
pela
rua
:.
Lua esnobe, linda... e nua
:.
Desfilava seu luminar
envolta em flashes pontilhados
na passarela estelar
:.
Hoje
eu
vi
Lua de fases,
fada ou feiticeira...
dos sonhos, mensageira...
corriqueira
dos desamores,
culpada...
blasfemada
dos céus,
eterna viajante...
brilhante
:.
Vi
a
Lua nua
na passarela estelar
deslizando...
ofuscando...
enluarando...
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terça-feira, 23 de setembro de 2008

Além-mar




Perdido em mares revoltos
impróprias calmarias
desejos alucinantes
dias cinzentos
tardes rubras
noites claras
sentidos loucos...
:.
Busquei-te
demente
inclemente
incessante
itinerante
no perfume
dos mais belos jasmins
na essência
das mais formosas orquídeas
nos sinuosos caminhos
das lilases flores
de todas as cores...
:.
Descalcei-me
maré vazia no espelho d'água
segui marcas na areia breve
como se o tempo fosse parar
corri o mundo pra te encontrar
terramareando
venci trevas
escalei dunas
explorei vales
desvirginei florestas
cruzei equadores
madrugou
amanheci
entardeceu
anoiteci...
:.
[Gritei-te do Everest
ecos vazios...]
:.
Acolhi profecias
quiromancia
radiestesia
até a dança da chuva
recorria
que diferença fazia?
perplexo, voei além-mar
voltar pra casa?
talvez voltar...
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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Mar aberto




No teu corpo
mora um mar aberto,
tempestuoso...
é nele que navego...
:.
Em carícias plenas percorro
revoltas marés de beijos
me arrisco nas tuas
correntezas
mergulho nas tuas
profundezas
maré vazante de tuas dúvidas
sofreguidão dos teus anseios
sem bússolas pra me orientar
sem leme pra me guiar
exploro teus arredores...
:.
Na espuma delirante
do desejo
deslizo nas tuas encostas
contorno tua ilha
ancoro no teu porto...
onda violenta me arrebata
nado em contra-corrente
pele salgada
conchas,
maresia,
areia,
coral...
:.
E, no rescaldo do devastador maremoto,
sinto tua fragrância estonteante
inebriando-me com essências de amor...
:
teu farol
me guia...
:.
E me perguntas se sou real...
Se sou
noite escura,
chuva,
temporal...
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sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Estradas




Enquanto caminho
à beira do abismo
meu coração viaja pela noite
sonho acordado,
janela aberta do surreal
caminhos
que podem ser teus .............
:.
Se quiseres...
:.
Enquanto piso
o chão firme
meus temporais
se formam,
nuvens se dispersam
confundem-se estreitas,
convergentes,
decadentes artérias-estradas...
e me pergunto:
:.
Por onde andam esses passos
que não me alcançam?...
:.
Vivo à sombra dessa ausência...
:.
Enquanto
essa orquídea em flor não abraço
o tempo passa...
sol de verão me aquece,
folhas caem,
chuva me molha o corpo,
encharca a alma...
perfume me envolve,
inebria...
acalma...
:.
Enquanto tu,
brisa noturna que és,
brindo ao céu estrelado...
:........................................
Infinita estrada .............
:.
Que trago nos olhos
:.
E faço em mim...
!
:...........................................:
!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Arco-íris



Seu sopro
chegou até mim
na parede da memória
contorno emoldurado
perfil emergido dos traços
em cada espaço
tempo sem tempo
fio condutor de sonhos
letras, palavras, linhas
estória contada em páginas
folheadas ao vento...
:.
Agora e sempre
presente surreal
esconderijo atemporal
[longe...]
onde as curvas fazem templo
onde artérias-estradas bifurcam-se
em complexos descaminhos
seguem par_feito sem nexo
distante_ juntinho
borbulhas de amor
paralisadas
incolores
ao senso comum...
móbiles imagéticas
ao ousado gesto
incomum...
:.
Seu sopro
chegou até mim
infinitas bolhas de sabão
flutuam livres no céu
desmancham-se
confundem-me
fundem-se
no arco-íris
de minhas estradas
violáceas
de paixão...
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terça-feira, 16 de setembro de 2008

Fogo morto



Deitado solitariamente
em berço esplêndido
ao som do mar
e à luz de um céu profundo
ousou .........................
Uma visão
Uma ilusão
Descabidamente
Não soube o que fazer
:.
Quanto tempo teria?
Permaneceria em berço esplêndido?
— Decididamente ali não seria o seu lugar
:.
Para estar ali
Àquela luz de um céu
pra lá de profundo
(Teria?)
Um motivo
pra lá de justo...

Seu lugar é longe,
bem longe...
Lá onde tudo começa,
no engenho onde o fogo vivo
move engrenagens
e alimenta
sonhos .........................
:.

onde um menino ainda espera
paciente
degrau de barro...
olhar distante...
na cabeça
um pião
nas mãos
enxadão
na barriga
sopa de ilusão...
:.
A viagem é longa,
o caminho íngreme
e a chuva certa
É de lá
que nunca
deveria ter saído
E é pra lá
que vai voltar
praquele engenho
tornar a botar
E o
menino a sonhar e sorrir e brincar
.:.
Sair cedinho...
Ouvir o tico-tico no galho alto cantar
e imitar, assoviar
No mato abrir picada, dar risada,
fazer estrada no caminho torto
Reviver a chama, esquecer o drama
do berço esplêndido,
das ilusões perdidas,
da selva fria,
do menino triste,
do fogo morto.........................:
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Wander & Lilibeth, setembro, 2008
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:
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Os "engenhos" do Nordeste eram, originalmente, estabelecimentos agrícolas destinados à cultura da cana e à fabricação do açúcar. Com a ascensão das usinas, que passaram a comprar dos engenhos sua produção bruta, a cana de açúcar ainda não processada, para fabricar o açúcar, a maior parte desses engenhos foi, aos poucos, deixando de "botar", moer a cana para a fabricação do açúcar. Passam, então, apenas a vender a matéria prima às usinas, tornando-se engenhos "de fogo morto". Perdem, assim, boa parte de seu poder, tornando-se reféns dos preços pagos pelas usinas. É como se encontra, ao final de Fogo Morto — obra prima do escritor paraibano José Lins do Rego —, o decadente engenho Santa Fé.
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sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Ternura



Tua beleza,
o teu saber,
o encanto da tua alegria,
a meiguice e a suavidade
dos teus gestos,
o brilho do teu olhar,
tua voz doce e gostosa,
a riqueza de tuas palavras,
tudo em ti, minha Lú,
é motivo de muito amor,
um inesquecível realizar de sonhos...
Um minuto de tua presença
vale um milhão de séculos...
Tua luz ilumina um infinito inteiro.
És ternura...
intensa vibração
para
um
renascer
de felicidade....
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Dedicado para a minha querida Lú, desejando um feliz aniversário, sorte em sua vida e luz em sua caminhada.
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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Estupidez



Dementes
cruéis
naves
vãs
atravessam
castelos
matam
arremessam
vidas
sãs
pela janela da
História...
:.
Inocentes
histórias
manchadas
sonhos
despedaçados
vidros
estilhaçados
ganância
poder
estupidez...
:.
Dementes
cruéis
cobram preço
alto...
:.
Sofrimento
dor
quem paga
não deve...
:.
Quem manda
(sem o seu escudo)
[na linha de frente]
não se atreve...
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Na manhã de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos da América enfrentaram o pior ataque terrorista da história do país. Quatro aviões comerciais foram seqüestrados logo depois da decolagem, por membros da rede al-Qaeda, e voaram em direção a alvos em Nova York e Washington. Cerca de 2.800 pessoas morreram, e centenas ficaram feridas durante os ataques.

No meio da polêmica sobre guerra e terrorismo lutamos para ouvir a voz daqueles que foram obrigados a carregar os custos da violência: as vítimas da tragédia de 11 de Setembro. Se as partes continuarem com seus objetivos o que se observará será a expansão da raiva e intolerância por muito tempo. A guerra atinge a todos, mas será mesmo, como disse o Presidente americano Bush, uma “guerra contra o demônio”, uma “guerra para proteger a liberdade e a civilização?”

Hoje, 7 anos depois, ao pensar nessa tragédia e em tantas outras igualmente estúpidas provocadas pelo próprio homem, lembro -me de uma parte da música do Renato Russo que diz "(...) não protejo general de dez estrelas que fica atrás da mesa com o cú na mão..."
:.:

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Viagem



Há uma certa luz
incompreensível na distância...
:.
derradeira chama que clama...
amizade evasiva, nociva...
:.
viagem que reluz, seduz...
verdadeiro temor, a dor...
:.
ferida lacerante, penetrante...
futuro malfadado, maculado...
:.
apogeu da renúncia, astúcia...
doença sem cura, amargura...
:.
busca constante, itinerante...
inconseqüente tentativa, agressiva...
:.
o beco, o berro, o tiro,
a grade, o frio, a fuga...
:.
a dose mais forte, a morte...
.
:. . .

... Sem volta*



O sofrimento prossegue
No que acomoda
A dor diante do (des)conforto
Toma ... Consome ...

... Mas não apavora ...

Foi bem ali
Monstros surgiam
Metáforas de uma vida
Engraçada ... Desgraçada

... Mesmo assim perseguida ...

Arrancou um pedaço de si
Lâmina afiada ... Unha encravada
Para compor uma canção
Sem emoção ... Devassada

... Entonação desafinada da navalha ...

Os vermes devoravam o que restou
Caído moribundo no engodo
Jazia o que deveria ser
Humano ... Aventureiro

... Carne em flácida (de)composição ...

Sonha_dor
De tudo que ficou
Nada restou
En_cenAção
Ato ... Último
.
Fim
.
(Lili* - 05/09/2008)

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

(Re)começo do Fim*



Luz incompreensível
Distância que ronda
Agora
Clarão obsoleto
(Des)faz
Sintonia que rasga
Sentido
Derradeira chama
Con_clama
(In)flama a alma
Flui
:.
O beco ... O berro ... O tiro
:.
Amizade evasiva
Nociva
Deixa a vida sem saída
Iludida
Viagem que reluz
Seduz
:.
Escuridão ... Tonteia ... Atordoa
:.
Verdadeiro temor
(In)certeza
Dor insuperável
Incendeia
Terror imputável
Medo
Boca seca
Arde
:.
A grade ... O frio ... A fuga
:.
Pele úmida
ConvidAtiva
Ferida lacerante
Penetra
Aço
Alma dividida
Estilhaça .............
:.
A curiosidade ... O desafio ... A ajuda
:.
Metade (in)sustentável
Afastada
Futuro mal_fadado
(I)maculado
Presente delirante
Poda
:.
Segue ... Adiante ... Irritante
:.
Apogeu da renúncia
Astúcia
Estúpida conclusão
Escolha
:.
O ontem ... O hoje ... O amanhã
:.
Pregado ao passado
Aconchegante
Doença sem cura
Amargura
Chega ao limite
Loucura
Busca constante
Itinerante
Próximo ao delírio
Con_comitante
(In)conseqüente tentativa
Evasiva
Opção ao cômodo
Perseguido
(In)cômodo conhecido
Agride
:.
O grito ... A raiva ... O furo
:.
Perfura cada lado
O inútil
A dose mais forte
A morte
Acabou o encontro
A sorte
:.
Início do fim
...
Agora sim
...
Luz ... Clara ... Clarão
Bem_dita ... Bem_vinda ... Vida
...
(Re)começo do fim
...
:.................................................
Wander & Lilibeth, agosto, 2008
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Lenda



Minha estrela
meu sinal
em pensamento
retoco o seu cintilar
com as cores da fantasia
me torno mais forte
e a sua constelação
alcanço
enfim
chego...
:.
Em seu chão firme
suavemente aterrisso
seu calor
me embala
seu brilho
me hipnotiza
seu mistério
me encanta
em sua lenda
viajo...
:.
Minha estrela
meu sinal
guia brilhante
pontilhado altar
na passarela estelar
vem, me conduz...
derrama seu véu
me aponta seu céu
me faz reagir
me voltar e sorrir
e, com a sua
cumplicidade
me sentir
ressurgir...

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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Desafio



Chão imaginário
guerreiros a postos
desloco minha peça
procuro teus olhos
confuso descubro
a frieza com que jogas
deixo a torre em alerta
na diagonal teu bispo
me cerca...
humilhação,
em xeque
por um voluntarioso peão...
:.
Lance inoportuno
atos em jogo
no Jogo da Vida
tabuleiro de xadrez
armas depostas
defesa minada
guerreiros despedaçados
movimento limitado
sangue, suor...
desequilíbrio emoção e mente
derrota iminente
:.
Nesse desafio
resta um ousado cavalo
ferido
como abrigo...
:.
(Aguardo tua vez
o golpe fatal, talvez)
:.
Dominadora
caçadora
com destreza
brinca com a presa
dissimulada
calada
adia
o xeque-mate
para a próxima jogada...
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Desfoque



Inconsciente desatino
pulso radial
desvio vital
tardio sinal
luzes vozes
dose psicose
corre chôro
sódio soro
período ouro
arraste afaste
assume comande
desfibrile invoque
perfure derrame
mutile corte
desfoque desfoque
dez nove
azar sorte
implore
tempo
enfoque
choque......................

A casa do lago



Na água parada do lago
teu reflexo
espelhado
sinto tua presença
quase posso te tocar...
:.
Quisera poder amar
como um coração apaixonado
entrar no caminho das flores lilases
nas paredes da tua memória
escrever palavras
audazes
contumazes
correr incautos passos
te buscar em tantos traços
em tempo real te alcançar
desfazer embaraços
entender
o que não se consegue explicar...
:.
(O que será de nós
tempo sem tempo
tão perto e a sós?...)
:.
Água parada
reflexo espelhado
brilhantes sóis
refúgio surreal
transcendental
ligação temporal
passional...
sonho acordado
encontro frustrado
ficção ou realidade?
— cumplicidade
:.
Recebo tuas palavras
leio tuas imagens
sinto tua voz
estendo a mão
num quase afago
até, quem sabe,
um dia,
um mês,
um ano...
na nossa
casa do lago...
:........................................:

terça-feira, 2 de setembro de 2008

O flautista



Irás,
iremos juntos
pelas águas do tempo
então me espera
ao alvorecer
desse melodioso dia
e essa LUA (que distraída!)
vagou
enluarou
iluminou
até claro dia brilhou
seu transparente vestido encanto
testemunhou
provocante despido manto...
:.
Melhor é ousar
que tal se liberar...
quem sabe
se desvendar
me revelar
rir, brindar...
comemorar
seguir,
apontar
quem sabe
me procurar
te encontrar
se achar
relaxar
e deixar o SOL
entrar
penetrar pela fresta
bisbilhotar toda festa
:.
Chega o flautista
da flauta doce
da melodia rara
do arco-íris
da sempre-viva
do sempre sol
da quase lua
de toda chuva
das águas claras
do vasto céu
da soprada nota
da sinuosa rota
da perdida estrada
daquela casa
do calmo lago
do quase afago
da linda flor
incauto amor...
:.
E chega
rompendo em alegria
secando o pranto
descobrindo o manto
soprando encanto
em cada canto
dessa alegoria
:. ................................ .:

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Chapéu-barquinho



Por onde andará a minha ilusão?
Teria perdido-se nas vielas surreais
d'algum vale utópico
e, clamando por ajuda amargura?
:.
Quem sabe...
com medo da tempestade
ficou escondidinha
ou aproveitando-se da calmaria
saiu... de fininho... de mansinho...
:.
Ou... será?
cansou de ser ilusão
quis ter uma profissão
navegante
ajudante
comissária
estagiária
real ou imaginária???...
:.
Será que num porto seguro
encontrou seu comandante...
mas...
o que acontecerá doravante?
Respondo que muda
ficará minha escrita...
pálido meu azul...
triste minha lida...
norte meu sul...
:.
E nem assim ela volta...
por onde andará
minha ilusão
não sei...
:.
Preciso procurá-la
nos campos, rios,
mares,
bazares...
afixar cartazes
percorrer ruas
visitar lares
subir na grua
gritar pra lua
sentar na calçada
insone
tentar o tarô
ler um hai-kai
que atrai
consultar o oráculo
superar o obstáculo
displicente
encantar a serpente
de parapente
vasculhar o continente
:.
Onde estará a minha ilusão
não sei
só sei que ela se foi
de mansinho
e levou consigo
o meu chapéu-barquinho...
:. ........................................... .:

Mulher_poema



Hoje
quero deitá-la suavemente
despi-la de frases feitas
que tanto lês em teus livros...
:.
Quero arrancar-te essas
estruturas vocabulares
esses surtos metafóricos
polimórficos
sintáticos
dicionarizados
cifrados
pormenorizados
metódicos...
:.
Hoje
quero torná-la uma poesia
de rima fácil
e final feliz...
Nada de palavras rebuscadas
febrilmente emaranhadas
seletamente misturadas
sabiamente intelectualizadas
:.
(Quem sabe
disfarçá-la
num mini-conto
de dois parágrafos
desses de aprendiz...
o que me diz?)
:.
Quero
copiar versos da minha mente
e tatuá-los na intimidade
da tua pele
docemente entremeados
com azuis intensos
brilhantemente pautados
com amarelos radiantes
elegantemente decorados
com verdes translúcidos
indecentemente pontuados
com vermelhos febris...
:.
Ao final,
minha musa
vou fazer a minha leitura
vou reconhecer-me
em teus vãos
pelos
meios
seios...
vou reler
cada frase
transformada
em verso
sem traumas
sem frescuras
sem rodeios
e dedicar
essa poesia_mulher
à personagem_tema
à mulher_ poema...
:. ................................ .:

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Entrelinhas

Deixa que eu te leia
palavra por palavra
índice
prefácio
dedicatória...
entenda suas entrelinhas
analise sua concordância
verso e anverso...
:.
Deixa que eu te estude em cada frase
soletre cada verbo
revise cada crase
deixa que eu decifre suas metáforas
interprete sua estrutura
te traduza do esperanto,
húngaro, latim... galês
descanse nas suas vírgulas
responda suas interrogações
conheça seus períodos
goste do seu estilo
vibre com suas exclamações...
:.
Deixa que eu desrespeite sua pontução
desarticule sua construção
critique sua citação
ratifique sua indecisão
publique sua afirmação
indefira sua apelação
sublinhe sua contradição
elogie sua consideração
abstraia sua divagação...
:.
Deixa que eu te leia em cada parágrafo
pausadamente
para quando chegar ao fim
eu possa voltar
e te reler
agora
de
trás
pra frente...
:. .............. .: