terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Uni versando



Vaga
Mente
Pelo espaço
Infinta
Mente
Infinito tempo
Infinita resistência
Talvez vida
Ou demência
Quem sabe
Clemência
Angústia
Sobrevivência
Universal
Dor de ser
Maquinal
Razão de existir
De não poder
Nem ao menos
Desistir
Abortar a missão
Desligar a tomada
Deixar de ser nulo
Deixar de ser nada
Pisar no freio
Não ter receio
Fazer a hora
Sem esperar acontecer
Não implorar que o mundo
Pare
Mas se
Parar
Ser o primeiro a
Descer...
:..................:

domingo, 6 de dezembro de 2009

Hexacampeão!!!!!!

O sacrifício começou nas bilheterias. As enormes filas em busca de ingressos para o jogo do Flamengo contra o Grêmio - para os rubro-negros, a decisão do Campeonato Brasileiro - foram apenas os primeiros obstáculos dos torcedores na odisseia pelo hexacampeonato. E o dia histórico também foi cheio de dificuldades. Até conseguirem entrar no estádio, foi necessário muita paciência no trânsito e nas longas filas das roletas do Maracanã.

Alexandre Durão/GLOBOESPORTE.COM

Uma multidão em vermelho e preta sobe a rampa para entrar no Maracanã

Alguns tiveram de conviver com a frustração de descobrir que haviam comprado entradas falsas e, assim, precisariam arrumar outra maneira de acompanhar o time em campo - fora aqueles que tinham bilhetes legais, só que, devido à invasão nas cadeiras, acabaram sendo barrados. Os portões foram fechados.

Já dentro do Maracanã, as coisas começaram a melhorar para os 84.848 torcedores que tiveram o privilégio de assistir ao duelo. A grande festa de recepção aos jogadores foi o cartão de visitas para uma festa que, mais tarde, tomaria conta das ruas do Rio de Janeiro.

Agência/EFE

Aqueles que conseguiram entrar no estádio sofreram, mas tudo valeria a pena ao fim da partida

É bem verdade que o gol do Grêmio, aos 21 minutos, e as notícias via telão da vitória parcial dos rivais Internacional e São Paulo calaram momentaneamente o Maior do Mundo. Mas a confiança dos rubro-negros parecia inabalável. O gol de David, aos 29, foi o que a torcida precisava para encarar a segunda etapa com ainda mais ânimo. Só faltava um.

Alexandre Durão/GLOBOESPORTE.COM

Nas arquibancadas, paz e confiança dos torcedores do Flamengo na conquista do hexacampeonato

Um misto de ansiedade, esperança e perturbação com fantasmas do passado. Seria outro desastre no Maracanã? Um para entrar para a lista que já tem Santo André, pela Copa do Brasil, e América do México, pela Taça Libertadores? O gol de Ronaldo Angelim, aos 24 minutos, foi o grito para aliviar a tensão e fazer a taça ficar ali, bem perto.

Ag./Reuters

Ronaldo Angelim marca o gol do título, para alívio da nação rubro-negra

O tempo, que até então teimava em correr, deve ter se alongado no imaginário dos flamenguistas. Até o apito final, muita tensão e demonstrações de amor ao clube. No fim, a missão foi cumprida: 2 a 1 sobre o Tricolor gaúcho. Era hora de começar verdadeiramente a festa. A festa de comemoração do hexa.

:...................:

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Aprendiz




Vou fazer uma música
Ainda não sei no que vai dar...
Talvez comece
Com um um forçado
Lá-lá-lá
Ou uma balada
Ensaiada
Pra ritmar
Não sei se vai ter cor
Flor
Sabor
Ou versos de amor
Que causem calor
E rimem com dor
Talvez lembre
Antigos natais
Reveillons magistrais
Ou das cinzas
Decadentes
De frustrantes carnavais
Não sei...
Quem sabe conte a
Minha própria infância
E a juventude também
Ou seria melhor
Falar da velhice
E da caduquice
De outrem?
Pera aí:
Refrão tem que ter!
Só ainda não sei
Como vai ser...
Enfim
Não quero blá-blá-blá
Mas fico feliz
Se alguém bater palmas
Pedir bis
Afinal
Na arte de musicar
Sou mero aprendiz
:............................:

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Cinzas


.

Sigo
Caminhos íngremes
Pedras salientes
Rasgam minha pele
Abaixo

Cinzas

Tristes se formam

Pelo verde vale

Recém trilhado

Persigo

Tento atingir

Aquilo que me busca

Sinto frio

Pressinto seu calor

Percebo seu reflexo

Complexo...

:

Sozinho renasço

Distante

Em seu encalço

Tão perto

Não consigo alcançar

Tocar

O seu espaço...


:...................:


terça-feira, 27 de outubro de 2009

Delírio???



Quem pergunta?
Quem procura?
Quem sabe?
Quem percebe?
Quem ensurdece?
Quem esmorece?
Quem ensandece?
Quem contesta?
Quem mira?
Quem grita?
Quem paga?
Quem pega?
Quem profana?
Quem se dana?
Quem se atira?
Quem se volta?
Quem se manda?
Quem se apavora?
Quem se lixa?
Quem se arrisca?
Quem se cala?
Quem se entala?
Quem se desculpa?
Quem tem culpa?
Quem tem razão?
Quem tem opção?
Quem tem candura?
Quem tem loucura?
Quem tem medo?
Quem tem dó?
Quem tem fé?
Quem é descrente?
Quem é presente?
Quem é inconsequente?
Quem é didático?
Quem é metódico?
Quem é sereno?
Quem é obsceno?
Quem é alvo?
Quem é salvo?
Quem é vil?
Quem é vago?
Quem é vão?
Quem é estrago?
Quem é são?
Quem delira?
Quem não?
:........................................................:
Só mais uma pergunta: Quem tem as respostas?
:.........................................................:

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Exílio



Caminhar
Passos lentos
Linha reta
Como se em cada
Milímetro percorrido
Habitasse lembranças
Das pedras do caminho...
;
Seguir
Nau
Sem destino
Sem rota
Sem regra
Sem rumo
Sem prumo
Sem desculpa
Nem culpa
;
Viver
Dia-a-dia
A repetição
Insondável
Do voo do pássaro
Da pétala da flor
Do orvalho
Do vento
De um piscar de olhos
Um pulsar...
;
E,
Quando o céu
Mudar de tom
E o peito
Pedir um pouco
Mais de calma
Se exilar
Em abismo eterno
Universal
Abissal
No vão ardil
De esquecer
Aquela canção
Que nunca ouviu...
:....................................:

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

To sir with love



Se
todos os
seus esforços
forem vistos
com indiferença,
ou,
pior,
nem forem vistos
ou percebidos,
não desanime(!),
porque também o
SOL,
ao nascer,

um
ESPETÁCULO MAGISTRAL
todo especial
a cada dia
e,
no entanto,
a maioria da
plateia
continua
dormindo(!?)
:.....................................:
homenagem aos professores

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Breve romance de sonho



Romance breve
Sonhei...
Confissões, ciúmes
Decisões
Vida por um fio
Ruas sombrias vaguei
Lampiões, lamparinas, ladeiras
Bares atraentes
Frequentei
Lares decadentes
Pernoitei...
;
Logrei curar
Infortúnios
Da apaixonada
Recém órfã
Da menina-meretriz
Criança maltratada
Pierrete inconformada
;
Postado no meio do nada
Claridade espraiada ao redor
Sem medo do novo
Ousei
Pelos cafés vienenses
Matutinos folheei
Por caminhos nonsenses
Sem rumo trilhei
Contra quem nada tinha a perder
Até a sorte tentei...
;
Disfarçado em palácios sórdidos
Ouvi cantos mórbidos
Enquanto damas mostravam sua nudez
Negros véus disfarçavam sua palidez
Seduzido, extasiado, erotizado
Bailei um balé esquisito
Maldito...
;
Conheci a fúria
Dos desconhecidos
E...
Ela
Sem que soubesse de onde surgiu
Nem imaginasse por que chegou
Assim
Louca
Linda
Nua
Ousou se sacrificar
Para me libertar...
;
Quem era ela?
Não sei!
Sua face não vi!
Não acordei!
Porque nem dormi!
;
[... um dia refaço o caminho
e lá estarará ela...
e outras
todas elas...
sorrindo para mim...]
;
Nunca mais
É tempo demais
Para não esquecer
De lembrar
O breve romance
Que pensei
Que sonhei...
:.....................................................................................:
(...) O céu achava-se encoberto, as nuvens apressavam-se, o vento assobiava. Deu consigo postado no meio do nada, onde uma pálida claridade espraiava ao redor. Estava sozinho, o casaco aberto e não se sentia propriamente em segurança. Algo distante, via-se a larga estrada. Uma procissão de lampiões tremeluzindo sombrios indicava a direção da cidade. Todavia, pô-se a andar em linha reta, encurtando o caminho, seguindo o suave declive dos campos encharcados, a fim de, tão rápido quanto possível, retornar à companhia das pessoas... (...) (Trecho do livro "Breve romance de sonho", de Arthur Schnitzler)
:.....................................................................................:

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Primavera



Cedo
Quase claro
Pássaros tristes
Entoam
Cantos alegres
E a vida
Convidativa
Amanhece
Criativa
Enquanto no solo
Orvalhado
Sem pressa
Sementes
Despontam raízes
Iniciam
Novo ciclo
Despertam
Espalham
Verde viço
A brisa
Sopra
Suave
Move hélices
Multicoloridas
Balança teias
Recém tecidas
Eleva o aroma
Do café fresco
Ao rosáceo
Jardim das azaléias
:........................:

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Caminho das águas



Caminhos
São portas
Que se abrem
Se fecham
São ruas
Que se vem
Se vão
Caminhos
São desvios
Que se cruzam
Pores-de-sol
Que se deslumbram
Pedras
Que se pisam
Montanhas
Que se movem
Oásis
Que se iludem
Muralhas
Que se contornam
Batalhas que nem sempre
Se ganham
.................................
Caminhos são chuvas
.......................
.............
Em seu gotejar
.............
.......................
Molham
Encharcam
Inundam
Transbordam
Seguem seu curso
Espelham-se em lagos
Vertem-se em rios
Vão de encontro
Sempre encontram
O caminho do mar...
:....................................:
Dedicado a minha prima Madalena Motta Tavares

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Creio


Mahatma Gandhi

Creio em mim mesmo.
Creio nos que trabalham comigo,
creio nos meus amigos e creio na minha família.
Creio que Deus me emprestará tudo que necessito para triunfar,
contanto que eu me esforce para alcançar
com meios lícitos e honestos.
Creio nas orações e nunca fecharei
meus olhos para dormir,
sem pedir antes a devida orientação
a fim de ser paciente com os outros
e tolerante com os que
não acreditam no que eu acredito.
Creio que o triunfo é resultado de esforço inteligente,
que não depende da sorte, da magia,
de amigos, companheiros duvidosos ou de meu chefe.
Creio que tirarei da vida exatamente o que nela colocar.
Serei cauteloso quando tratar os outros,
como quero que eles sejam comigo.
Não caluniarei aqueles que não gosto.
Não diminuirei meu trabalho por ver
que os outros o fazem.
Prestarei o melhor serviço de que sou capaz,
porque jurei a mim mesmo triunfar na vida,
e sei que o triunfo é sempre resultado
do esforço consciente e eficaz.
Finalmente,
perdoarei os que me ofendem,
porque compreendo que às vezes
ofendo os outros
e necessito de perdão.
:......................................:

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Romance astral



No mais ermo local
Sob ácido temporal
Azul baía de coral
Pelo estreito canal
Entre falésias do litoral
Tectônicas placas no mar abissal
Perdidos recônditos da floresta tropical
Paradoxa divisão continental
Induzido desequilíbrio ambiental
Inexorável aquecimento global
Sulfúreo vulcanear matinal
Nebulosa cósmica espacial
Remoto recanto atemporal
Cabalística base piramidal
Massacrada paz celestial
Consentida dor universal
E no céu rajado
Velado sinal
Transcendental
Lá vem o Bem
Braços e abraços
Com o Mal
Cúmplices laços
De um romance astral
:.........................................:
Hoje, 09.09.09, um dia cabalístico, pego
carona no "Trem das sete", do Raulzito
:.........................................:

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Incauto (des)inventor



Invento uma conexão
Conheço gente nova
Habito velhas tribos
Caminho sozinho
Por querer
Atraso o relógio
Pra te ver
Desinvento a tv
;
Saio por mares
Voo ares
Me materializo no topo dos Alpes
Sem eira nem beira
Finco bandeiras
Invento besteiras
Estreito fronteiras
Derrubo barreiras
Sigo placas
Pulo muros
Alcanço reinos obscuros
No harém do grão-vizir
Invento o lume
Faço luzir
(A mais bonita
Em véus disfarçados
Dança para mim...)
;
Por muito
Saio da linha
Invento trilhas
Sem pressa
Desvirgino florestas
Sem balsa
Me aventuro por aluviões
Sem armas
Danço com lobos
Sem medo
Nado com tubarões...
;
Incauto (des)inventor
Reinvento meu arrebol
Minha noite sem lua
Meu dia sem sol
Desinvento a dieta
Sem esquecer de desinventar
O colesterol...
:
:.....................................:
Mero tolo nessa vida sábia
Alçando voo no notável
"Mágico desinventor"
:.....................................:

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Pele



Pela pele
Pela nuca
Pela boca
Pelos seios
Pelos meios
Mãos que vão
Indecentes
Arrepiam
Caminhos quentes
Pelas pernas
Que trançam
Cruzam
Dengosas
Tocadas
Acariciadas
Profanas dançam
Suplicam
Abrem
Desejosas
Pelos poros
Pela pele
Teu cheiro
Química perfeita
Ajeita
Aceita
Deleita
Pela pele
Nua e crua
Eriçando
Pele na pele
Fundindo
Minha na tua...

:...................:

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Gota



Assim vou
No mar
Gota da chuva
Acolhida
Passageira
Perdida
;
No fundo da alma
Gota da lágrima
Escondida
Aflorada
Sorvida
;
Na triste manhã
Gota do orvalho
Renovado
Purificado
Perfumado
;
No abandono do amor
Gota a gota
Bálsamo
Torpor
Alívio da dor
;
E vou
Enxurrada em curso
Pela madrugada fria
Sem ousadia
Gotejando poesia...
:.........................:

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Linha



Era assim
Uma linha
Quase transparente
(Con)vivia ligada às minhas utopias
Tão tênue
Só eu a enxergava
(ou imaginava enxergar)
Em uma das pontas
O mundo humano
Na outra extremidade
O meu próprio mundo...
;
Tênua linha
Companheira fiel
Acordava comigo
Seguia-me onde quer que eu fosse
Acompanhava-me às compras
Por vezes até às refeições
[nem sempre as mais saudáveis, mas, com certeza, as mais rápidas...]
Compartilhava das minhas leituras
Das minhas músicas
Das minhas ideias
Das minhas manhas e manias
Dos dias de futebol
E das tardes de arrebol
Compartilhava até das minhas poucas loucuras...
;
Tênue, quase invisível linha
No trabalho, me desaprovava
Sempre que me distraia
Mesmo assim planava comigo além das nuvens de algodão
Esvoaçávamos juntos campos de girassóis
Na contramão do sudoeste
Navegava comigo por planos psicodélicos
Sondávamos juntos ilhas desabitadas
Parapenteava comigo campos, rios, além-mares
Visitávamos juntos os mais ermos lugares...
;
Um dia sem magia
Nem alegoria
Sem um "ai"
Nem um gemido
Uma palavra, um toque, um baque, um encontrão ou qualquer outro gesto
Essa tênue quase invisível, inimaginável, improvável, imensurável linha
Se rompeu
Penso que tenha se cansado
E deixado de lado
A minha presença simplista
A minha ausência egoísta
Tenha se libertado
Do meu ego afagado
Apagado...
;
E a música
Que toca no fundo
Vai continuar tocando
Mas daqui pra frente
Sem a tênue linha
Meu elo
Pra me me fazer cantar
Sem ela
Meu elo
Pra me conduzir
Sem me inibir
Sem ela
Meu elo
Pra me ouvir
Sem me reprimir
Sem ela
Meu elo
Minha certeza
Dos dias melhores
Que haveriam de vir...
:..........................:

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Canto triste



Pequeno menino frágil
De onde vem tamanha força...?
Nesse lugar que não é o seu lar
Estranhas mãos a te apertar
Até que perca o ar...
Nesse leito que não é o seu
Nessa batalha
[essa, sim, sua]
Desigual, é verdade
Quem te disse covarde
Não imagina a agulha que te corta
Nem o frio que te consome
Não sabe o que é ver água e não sentir sede
Ter comida e não sentir fome...
:
Pequeno menino frágil
Por que você luta desarmado...?
Por que não se vale
De suas garras
De seus dentes...?
Que sala é essa...?
Quem é essa gente diferente...?
Onde estão seus amigos...?
Seu cantinho...?
Seu colinho...?
Seu sol quentinho...?
Será que em seu olhar distante
Sonha com aquela menininha
Magrelinha
Que virou estrelinha...?
Ou com aquele pardal no varal
Que voou assustado
Temendo que lhe fizesse algum mal...
:
Pequenino forte menininho
Quem te preparou pra tanta dor
Se sempre recebeu tanto carinho
Sempre conheceu tanto amor?
:..........................:

terça-feira, 7 de julho de 2009

Arrebol



Anoiteço
Sem estrelas
Exploro
Incautos planetas
Espalho
Doidivanos cometas
Expulso
Cósmicos gametas
Explodo
Espectrais vinhetas
Incendeio
Lume ao horizonte
Leste
Testemunho
(Des)encontro
Lua e Sol
Aconteço
Luminoso crepúsculo
Amanheço
Solitário arrebol
:....................:

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Tátil



Ecos
Sons
Susurros que guardo
Longe é perto
E mesmo distante
Estás aqui...
Formo a forma
Formão de mim
Entalho um rosto
[teu rosto]
Tátil contorno
Emoldurado
Em madeira nobre
Que golpeio
E entalho lábios teus
Sozinho e silente
Ouço tua fala
Ausente
Entalho a cena
Em versos
Que lembram um olhar
[teu olhar]
No entalhe
Não é permitido errar
Do pó, punhado
Ao vento
Sopro o medo
Ao fogo
Forjo em negro
Fecho os olhos
Passeio meus dedos
Permeio fendas
Sinto veios
Recordo vãos
Contorno estradas
Detalhes
Táteis entalhes
Enfim
Marcas profundas
Entalhadas
Dentro de mim
:............................:

terça-feira, 23 de junho de 2009

Seda pura



Uma essência
Em meio a tanta
Transparência
Doce manhã
Aconchego
Em desalinho
Puro linho
Boca que pede
Sede
Arde
Desejo
Excitação
Língua que invade
Olhos que comem
Devoram
Transpassam céus
Mantos véus
Pura seda
Que não cobre
Envolve
Mãos que vão
Céleres
Em vãos
Sussurros nas penumbras
Ilógicas palavras
Êxtase
Delírio
Caliente frio
Sem lençóis
Demente ritmo
Sem sentido
Marcas consentidas
Sem censura
Loucura transpirada
Em seda pura
:........................:

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Girassol



Da terra cuidei
Arei
Reguei
Adubei
Semeei
Fiz
Eu sei
Sob sol
Queimei
Baixo de chuva
Molhei
Sentido não
Encontrei
Quando
Da semente
Que plantei
No solo fértil
Que joguei
Esperei
Muito tempo
Contei........
........
........
Cansei!
:
Do outro lado
Sem ninguém ter plantado
Pela chuva regado
Pelo vento soprado
Pela brisa adubado
Amanhece orvalhado
Um girassol acetinado
:.........................:

Admirável bonde novo



Aqui
Ali
Onde
Passa o meu
Bonde
Pra lá
Pra longe
Pra Lapa
Glória
Outeiro
Flamengo
Laranjeiras
Volta pra Copa
Cantagalo
No bolso rasgado
Do jeans surrado
O pendrive
Lotado
O celular
Parcelado
O destro relógio
Atrasado
[Adiante]
Perco o bonde
No livro que
Folheio
Releio
Ofertas que
Receio
Erro de estação
Nas figuras que
Não creio
Bobeio
Pego começado
O filme do
Meio
:............................:

terça-feira, 16 de junho de 2009

Sê feliz!!!



Não pera
nem para
a vida
não cala
rola
essa bola
não enrola
entra de sola
esfola
cola
descola
ou volta
pra escola
nem vem
com esse papo
(que saco!)
tenta crescer
o mundo não
vai parar
pra você descer
se não der
já é
sai de ré
mete o pé
mas, antes
pensa:
cadê aquela crença
intensa?
revira
se vira
faz!
deixar pra lá
é pra incapaz
só vai piorar
se não tentar
recomece do zero
nem que tome ferro
encare
desbanque
afunile
vê se não dá mole
figurativamente rebole
faça-se
de rio e mar
correnteza e maré
amar é
não encolher
é esticar
abraçar
escolher avançar
até a rota
traçar
de graça
não tem graça
o bom é na raça
mas se mesmo assim
a muralha não desabar
se avexe, não!
plano "b" em ação
(como não?)
pega o teu barco
rema com afinco
firme no leme
olho no muro
logo ali
teu porto seguro
teu farol
arrebol
jasmineiro
e luar
não pera
nem para
a vida
não cala
contorna a muralha
pede bis
segue com fé
sê feliz!!!
:.........................:

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Tolerância zero



À estrada
Desalmado
Sol pela frente
Lente incandescente
Insistente
Em trânsito
Acelero
Acima da
Tolerância zero
Há muito quero
Buscar vida
Além da
Vivida rotina falida
E no rádio
A balada interrompida
Pela miséria descabida
A natureza violentada
Na floresta calcinada
O resgate dolorido
Do voo perdido
Variações
Ambições
Degredo
Segredo ambíguo
Em praça pública
Grades
Prisão
Peso morto
Medo imposto
Chagas
Mazelas
Pra todo desgosto...
:
À estrada
Desarmado
Silêncio
Consumado
Percurso
Alterado
A adrenalina
Não pode baixar
Deslizar
Descarregar
Ainda que ontem
Não ousasse partir
Mesmo que amanhã
Precisasse voltar
Nesse instante
Nem penso em parar...
:..............................:

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Timidez



Tímido, eu sei
Mas sei que fico bem ao seu lado
Com meu sorriso encabulado
Não dou piruetas, cambalhotas
Nem conto engraçadas anedotas
O que sei é que fico embaraçado
Quando meu olhar parado
Te fita, assim, calado
Não me contagio
Com elogio
Nem procuro conselho
Quando olho no espelho
O meu nariz vermelho
Sem falsa modéstia
Não me detesto
Afirmo que sou tímido
Meu rubor é autêntico
E, de quando em vez
Esqueço a tal timidez
Sei também que fico bem
Te dou aquele beijo certeiro
Por inteiro
Estrago seu penteado
Borro o seu batom
Deixamos o mundo pra lá
Perdemos de vez o tom
:..............................:

Menina dourada



Pensativo e
desconfiado
o menino apaixonado
quer encantar
a menina dourada
qual verbo
conjugaria?
que frase
entonaria?
que palavra mágica
usaria?
quem lhe ensinaria?
:
"Aê... trança maneira..."
"Gosto das suas sardas..."
"Sua mochila é bonita..."
"Esse tênis é irado, mas tá desamarrado..."
:

Será???
com certeza teria que estar bem bonito
penteado
arrumado
dente escovado
banho tomado
atchim!, perfumado!
:
Qual seria a frase adequada
pro menino apaixonado
pedir pra menina dourada
pra ser sua namorada???
:.......................:

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Passarada



Luminoso horizonte
pássaros em delta
partem
revezam-se
em sincronia perfeita...
:
No vértice
a batedora
no vácuo
a passarada
cantos agudos
incentivam
adiam a parada
para a
distante chegada
:
Ao Norte, ao léu, ao Sul
pleno firmamento
conhecidas montanhas
sonoras águas
em dia claro
ou noite fechada
lá atrás a escassez
o vento frio
o galho seco
a invernada
:.................................................................................:
Dizem os especialistas que as aves migratórias voam em formação “V” para obter maior rendimento no voo: mais coesão, melhor liderança, maior harmonia e muito apoio.
Segundo estudos feitos, estas incríveis aves aumentam a sua velocidade em mais 70% do que se voassem sozinhas; a líder (também chamada de batedora) que está no vértice desta formação, quando está cansada, passa para trás dando assim o lugar de comando a outra; se alguma ave diminuir o ritmo de voo, as que estão atrás emitem sons estridentes, característicos de cada espécie, para encorajar as que se encontram à frente; e, quando uma delas sai da formação por fraqueza ou doença, a ele se junta outro pássaro para o ajudar e proteger.
:.................................................................................:

Devasso



Um sorriso
um beijo
um amasso
nem adianta
tá no laço
por enquanto
é só abraço
e nem me diga
que tem embaraço
de qualquer forma
eu te traço
te venço
pelo cansaço
vai ver como
te trespasso
lasso
até pelo avesso
te devasso
te satisfaço
isso eu faço
só não invada
o meu espaço
rapidinho
me refaço
meto o pé
aperto o passo
em descompasso
volto pro meu pedaço
um sorriso
um beijo
até o próximo amasso
:..............:

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Fim do mundo


Antes do fim do mundo
Meu jardim ficou mudo
Murcharam-se as onze-horas*
As folhas cessaram de balançar
E o segundo Sol chegou
— Imenso!
:
Fogo e mar
Precipitando-se
Numa insólita amizade...
Ondas em silêncio
Arrastando
Invadindo
Destruindo
Engolindo cidades
— Calamidade!
:
S.O.S.
O morro virou ilha
Disputada palmo a palmo
Pelo doutor engravatado
O gato estressado fugiu arrepiado
[coitado]
O papagaio voou pro telhado
[encharcado]
— O Segundo sol chegou!!!
:
Não vou me afobar
Se meu telefone tocar

Sento à mesa
Tomo uma cerveja
Não quero mais explicação

Nem consternação
Quem quiser que se deprima
Pego uma onda até a esquina

Do nada
Por dois sóis
Atravessada
Curto meu derradeiro
Segundo a só
Brindo sem dó
Nem piedade
O fim da (des)humanidade

Olho na cara do povo
E pergunto:
"O que há de novo?"
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(*) Onze-horas é uma planta originária do Brasil que floresce da primavera ao verão e produz belas e coloridas flores. Por ser um planta cujas folhas apresentam características suculentas, deve ser cultivada sob sol pleno, mas, com certeza, não resistirá ao segundo sol. :.......................................:

terça-feira, 19 de maio de 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Saudade




Tenho saudade de ser seu amigo de berçário,
de ouvir seu choro e rir do seu beicinho

Tenho saudade de aprender a andar com você
e de você aprender a falar comigo
(e depois você virou tagarela e eu bom caminhante)

Tenho saudade de ter segredo com você, de fazer pacto de cuspe, de ficar de mal só pra ficar de bem, de implicar com a sua roupa... só pra te ver bravinha...

Tenho saudade de rodar pião com você, de te pedir pra fazer rabiola pra pipa, e depois brigar quando o vento leva tudo embora...

Tenho saudade de tomar sorvete com você, e quando o meu acabar, experimentar do seu e dizer que o meu estava bem melhor...

Tenho saudade de rir com você, daquele risinho sem-graça e da sonora gargalhada, e rir de quem fica mais vermelho...
...
Tenho saudade de sentar do seu lado quietinho, e depois falar ao mesmo tempo que você e achar graça...

Tenho saudade de te chamar

Tenho saudade de você me chamar

Tenho saudade de ver você crescer

Tenho saudade de te olhar e você fingir não entender

Tenho saudade de me apaixonar por você

Tenho saudade e vivo sem em mim viver e tão outra vida espero
que morro de não morrer...

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"Vivo sem em mim viver e tão outra vida espero que morro de não morrer" (Sta. Tereza D'Ávila)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Miséria imposta



Sem pão, sem feijão
nem um grão
Só arroz podre
no lixão
:.
Vastas
Pastagens
Criação
Engordando pra corte
Faminto não vê
Carne
Míngua à morte ..........................
:.
Maltratado
Vida bandida
Sem comida no prato
Nem água bebida
No resto que não presta
Revira o que resta
:.
"Não" é a resposta
Em coro da multidão
Figurante do mundo:
Vagabundo!!!
Catador,
Malfeitor,
Humilhado,
Desgraçado!!!
Mal olhado
Fraturas não colam
Feridas empolam
Encardidas
Mãos esfolam
Última forma
Sucumbir
Sofrimento imputado
Miséria imposta
Na dor de existir
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Reflexões sobre o inconsciente (atemporal) e sua relação com o quotidiano (temporal)
Wander Motta e Lilibeth*, maio/2009
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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Fratura exposta



Massacrado
Despojado de sonhos
Temido
Medonho
Na cidade embandeirada
Espalhado
Indesejado
Mal olhado
Por quem passa ao lado
Calçado
Pela noite insone
Marcado
Na cama gelada
Calçada escarrada
O corpo encardido
Fedido
A alma vendida
Fodida
A fome escancarada
Vida amputada
Na barriga vazia
Sem pão
Sopa de ilusão
No resto que não presta
Revira o que resta
Na mão doente posta
Fratura exposta
Esmolas
Migalhas
Miséria imposta
Na dor que dói
Na solidão que destrói
No silêncio que corrói
Sem ter
Alguém
pra sentir um mau-olhado
Ninguém
pra ouvir um massacrado
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Reflexões sobre o inconsciente (atemporal) e sua relação com o quotidiano (temporal)
Wander Motta e Lilibeth*, abril/2009
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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Ferida exposta



Caminhante das sombras
Mal olhado
Sobrevivente indesejado
Massacrado
Dobram sinos
Noite insone
Laje gelada
Chão escarrado
Corpo castigado
Castigo imputado
Lixeira revirada
Fome
Mão suja posta
Ferida exposta
Carcome
Implora
Cola
Dor que dói
Esfola
Silêncio
Não se come
Grita
Corre
Morre
Indigente não jaz:
(Con)some
Nem mesmo alguém
Sabe o seu nome
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O documentário "Ônibus 174", de José Padilha mostra, acima de tudo, uma realidade que de alguma forma conhecemos, mas que, no entanto, não enxergamos tão claramente a ponto de nos preocuparmos em fazer algo para melhorá-la.
A sociedade brasileira cada vez olha menos para a miséria que caminha ao seu lado, com isso fica todo dia mais próxima da violência que surge da incapacidade de visualizar o que pode ser visto de tão perto: solidariedade.
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Reflexões sobre o inconsciente (atemporal) e sua relação com o quotidiano (temporal)
Wander Motta e Lilibeth*, abril/2009
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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Relógio



Tempo
Cruel passatempo
Maldito tempo
Às vezes os meus olhos no relógio
Derrubam ponteiros
[Ou seria espelho?]
Às vezes minha mente é só cinzeiro
[Ou seria candeeiro?]
...
Embriago-me e esqueço
Nossas diferenças
Semelhantes até nos erros
Outras vezes acho que não enxergo
Os teus desejos
...
Volto a imaginar
Teu olhar
Me olhar
Penso em voltar
Contemplar
Tuas estradas incendiar
[Desisto]
...
Às vezes brigo com o vento
Desfolho meu tormento
C h o r o
Meu ridículo lamento
Reviro-me sem te encontrar
Sofrimento:
passatempo em desfavor
Cedo
Claro dia
[Amanheço]
No chão
Doloridas
Marcas projetadas
Voltas só idas
Sombra sem cor
Impassível
Relógio de sol
Sofrível
Desperta dor
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Suponho que seja difícil passar pela vida
sem construir um relógio do sol...
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terça-feira, 7 de abril de 2009

Boa sorte



Composição: Vanessa da Mata / Ben Harper
.
É só isso
Não tem mais jeito
Acabou, boa sorte
Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará
Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz
Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais
Mesmo, se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha
Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais...
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sexta-feira, 3 de abril de 2009

Tsuru



O tsuru é a mais antiga ave na Terra. Há indícios que tenha surgido há mais de 6 milhões de anos.
Esta ave tem longas pernas, longo bico, longas asas, longo pescoço e... longa vida.
Apesar de se encontrar em extinção em alguns lugares do Mundo, o tsuru transformou-se numa lenda em toda a Ásia. Significa eterna juventude, felicidade, longevidade.
O significado tradicional do tsuru sempre foi o de vida longa e, portanto, felicidade. Fazem-se tsurus para enviar a pessoas doentes expressando o desejo do seu restabelecimento. O tsuru de papel dobrado é uma das criações mais importantes do origami no Japão e qualquer japonês aprende a dobrá-lo ainda criança.
No entanto, a partir do ano de 1945, o seu simbolismo alterou-se substancialmente.
Sadako, uma das muitas crianças atingidas pela bomba de Hiroshima, sobreviveu à explosão, mas, aos 12 anos, quando era uma jovem corajosa e atleta, adoeceu devido aos efeitos da radiação e foi-lhe diagnosticada uma leucemia.
Sadako acreditava na crença tradicional japonesa de que se uma pessoa doente fizesse mil tsurus de papel curava-se. Por isso ela começou a fazer tsurus de papel, mas a sua saúde não melhorava.
Cada tsuru que ela fazia era como uma prece. Dizem que, ao dobrar cada um dos tsurus, ela dizia-lhe: "Vou escrever "Paz" nas tuas asas e vais voar, voar... darás voltas ao mundo". E assim a sua prece era não só pela cura mas também pela paz mundial...
Sadako não viveu suficiente para fazer todos os seus mil tsurus mas os seus companheiros de escola completaram a tarefa.
O caso de Sadako e de muitas outras crianças em situação idêntica chegou ao conhecimento de todo o Japão e foi criado um fundo para construir um instituto para o tratamento das vítimas das radiações.
Criaram, em Hiroshima, o Parque da Paz, em 1958, onde ergueram um monumento à criança e à Paz no Mundo.
O tsuru de papel transformou-se num símbolo de paz e reconciliação.
No Japão e no Ocidente muitas crianças e adultos decidem fazer mil tsurus de papel para enviar para o Parque da Paz em Hiroshima como prova de solidariedade e defesa da Paz no Mundo.
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Foto: meu tsuru 45/1000
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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Mentiras


.
Pobres criaturas
Em matos sombrios
Vidas fingidas
Entranhas corroídas
Observo do alto
Onde jamais chegarão
Inimizade
Indignidade
Fogem-lhes os amigos
Vendem a alma
Tudo
Por nada
:.
Precioso tempo
Jogado fora
Inúteis palavras
Que soam, ecoam e voam
E caem aos meus pés
Sem que doam...
:.
Ouço do alto
M e n t i r a s
Lembro, calado
Do tempo
Meu
Maior
Aliado...
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1º de abril

segunda-feira, 16 de março de 2009

Perfeito


.
Trilogia: Raro efeito; Defeito

Quem ousaria dizer
se não ser
passasse a ser
sem que fosse
um fato
de fato
anunciado
ainda que
em fim de jornada
provocada
combalida chegada
derradeira
finalizada
última parada
e...
uma inesperada etapa
a ser alcançada
surgisse do nada
...........
Escolher-te-ia
doce afago
sinestesia
[aceitaria?]
voar em par
azul alçar
:.
s
o
b
r e v o a r.........
:.
Sorridentes girassóis
esvoaçar
trigais dourados
orvalhados
espalhar
raro efeito
brisa morna
luz suave
indevassável
imensidão insondável
trilhar...
...........
Ambos
Dual
Juntos
Ao Norte e ao Sul
Voar
Acima
Iremos
O céu azul tocar
Podemos
Compatíveis
Indizíveis
Inefáveis
Incomuns
Sem escritos
Nem ditos
Sem pretérito
Nem defeitos
Desfeitos e refeitos
Sujeitos
Renasceremos pássaros
Em seus
Ousados
Voos perfeitos ...
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Para a Ana que também é dona da figura
que ilustra esse poema
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sexta-feira, 13 de março de 2009

Defeito



Trilogia: Raro efeito; Perfeito

Não consigo mais
realçar
inacabado
voo sonhado
:.
Não posso mais
na parede da memória
lembrar teu nome
pela madrugada
insone
.:
Não vou mais
descrever o desejo
em metáforas coloridas
de uma paixão
atrevida
:.
Tempo cruel
passatempo perfeito
sem conseguir voar
sem poder lembrar
nem o desejo descrever
meu defeito
é não querer
te esquecer
:..................................................:

terça-feira, 10 de março de 2009

Raro efeito



Trilogia: Defeito; Perfeito

Sinto frio
abro os olhos
rostos estranhos
sobre mim
se amontoam
sons intensos
em minha mente
ecoam
bato asas
assustado
alço voo
angustiado
distante
ofegante
pouso errante
mata fechada
terra molhada
lamúrias contidas
penumbra
tons opacos
ar rarefeito
inspiro
sustento a respiração
pressinto um aroma
sigo meu instinto
persigo a luz
corrijo a direção
de cima
me vejo
combalido
abatido
rostos estranhos
retomam suas vidas
dispersando-se............
vão.....
:............................................:

domingo, 8 de março de 2009

Mulher...



Mulher, feminino, singular.
Não menina filha de pai e mãe, preservada, protegida.
Não mulher de alguém, esposa amada, respeitada, certinha, com lugar certo na sociedade certa.
Não mãe de filhos, desvelada, dedicada, desfeita em preocupação e orgulho.
Mulher... por si.
Mulher em gênero e corpo.
Mulher que se (re)conhece ao olhar outra mulher.
Que aprende cedo a conviver com a dor física e quando o desaprende, convive com outras dores.
Que tira da vida o que quer, sabendo muros que se levantam e que os contorna com pés descalços ou os derruba com mãos de seda.
Que luta com outros seres humanos [de qualquer gênero] pelas suas convicções.
Que tem, guarda e protege todos os seus amigos e amores.
Que sabe da solidão, da tristeza, da procura, do afago.
Que pelas mãos e pela palavra conforta quem dela se acerca.
Que sabe do desejo, que o aceita.
Que sabe do prazer, que o procura.
Que sorri quando quer gritar e canta quando quer chorar.
Que chora quando está feliz e ri quando está nervosa.
Que levanta-se para toda a injustiça.
Que não leva "não" como resposta quando acredita que existe melhor solução.
Que sabe do amor...
E que o dá, sem limites, eterno e renovado em cada dádiva.
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Homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
Figura: Detalhe da pintura " O Nascimento de Vênus" de Boticelli.
:)

terça-feira, 3 de março de 2009

Par perfeito



Autor: Vander Lee

Ó meu Pai,
Dá-me o direito
De dizer coisas sem sentido
De não ter que ser perfeito
Pretérito,
Sujeito,
Artigo definido
De me apaixonar todo dia
De ser mais jovem que meu filho
E ir aprendendo com ele
A magia de nunca perder o brilho
Virar os dados do destino
De me contradizer,
De não ter meta
Me reinventar,
Ser meu próprio Deus
Viver menino,
Morrer poeta
:............................................................................:
"Não feito, não perfeito, não completo
Não satisfeito nunca, não contente
Não acabado, não definitivo: eis aqui um vivo, eis-me aqui." (Lenine)
:.