quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Breve romance de sonho



Romance breve
Sonhei...
Confissões, ciúmes
Decisões
Vida por um fio
Ruas sombrias vaguei
Lampiões, lamparinas, ladeiras
Bares atraentes
Frequentei
Lares decadentes
Pernoitei...
;
Logrei curar
Infortúnios
Da apaixonada
Recém órfã
Da menina-meretriz
Criança maltratada
Pierrete inconformada
;
Postado no meio do nada
Claridade espraiada ao redor
Sem medo do novo
Ousei
Pelos cafés vienenses
Matutinos folheei
Por caminhos nonsenses
Sem rumo trilhei
Contra quem nada tinha a perder
Até a sorte tentei...
;
Disfarçado em palácios sórdidos
Ouvi cantos mórbidos
Enquanto damas mostravam sua nudez
Negros véus disfarçavam sua palidez
Seduzido, extasiado, erotizado
Bailei um balé esquisito
Maldito...
;
Conheci a fúria
Dos desconhecidos
E...
Ela
Sem que soubesse de onde surgiu
Nem imaginasse por que chegou
Assim
Louca
Linda
Nua
Ousou se sacrificar
Para me libertar...
;
Quem era ela?
Não sei!
Sua face não vi!
Não acordei!
Porque nem dormi!
;
[... um dia refaço o caminho
e lá estarará ela...
e outras
todas elas...
sorrindo para mim...]
;
Nunca mais
É tempo demais
Para não esquecer
De lembrar
O breve romance
Que pensei
Que sonhei...
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(...) O céu achava-se encoberto, as nuvens apressavam-se, o vento assobiava. Deu consigo postado no meio do nada, onde uma pálida claridade espraiava ao redor. Estava sozinho, o casaco aberto e não se sentia propriamente em segurança. Algo distante, via-se a larga estrada. Uma procissão de lampiões tremeluzindo sombrios indicava a direção da cidade. Todavia, pô-se a andar em linha reta, encurtando o caminho, seguindo o suave declive dos campos encharcados, a fim de, tão rápido quanto possível, retornar à companhia das pessoas... (...) (Trecho do livro "Breve romance de sonho", de Arthur Schnitzler)
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