terça-feira, 27 de outubro de 2009

Delírio???



Quem pergunta?
Quem procura?
Quem sabe?
Quem percebe?
Quem ensurdece?
Quem esmorece?
Quem ensandece?
Quem contesta?
Quem mira?
Quem grita?
Quem paga?
Quem pega?
Quem profana?
Quem se dana?
Quem se atira?
Quem se volta?
Quem se manda?
Quem se apavora?
Quem se lixa?
Quem se arrisca?
Quem se cala?
Quem se entala?
Quem se desculpa?
Quem tem culpa?
Quem tem razão?
Quem tem opção?
Quem tem candura?
Quem tem loucura?
Quem tem medo?
Quem tem dó?
Quem tem fé?
Quem é descrente?
Quem é presente?
Quem é inconsequente?
Quem é didático?
Quem é metódico?
Quem é sereno?
Quem é obsceno?
Quem é alvo?
Quem é salvo?
Quem é vil?
Quem é vago?
Quem é vão?
Quem é estrago?
Quem é são?
Quem delira?
Quem não?
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Só mais uma pergunta: Quem tem as respostas?
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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Exílio



Caminhar
Passos lentos
Linha reta
Como se em cada
Milímetro percorrido
Habitasse lembranças
Das pedras do caminho...
;
Seguir
Nau
Sem destino
Sem rota
Sem regra
Sem rumo
Sem prumo
Sem desculpa
Nem culpa
;
Viver
Dia-a-dia
A repetição
Insondável
Do voo do pássaro
Da pétala da flor
Do orvalho
Do vento
De um piscar de olhos
Um pulsar...
;
E,
Quando o céu
Mudar de tom
E o peito
Pedir um pouco
Mais de calma
Se exilar
Em abismo eterno
Universal
Abissal
No vão ardil
De esquecer
Aquela canção
Que nunca ouviu...
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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

To sir with love



Se
todos os
seus esforços
forem vistos
com indiferença,
ou,
pior,
nem forem vistos
ou percebidos,
não desanime(!),
porque também o
SOL,
ao nascer,

um
ESPETÁCULO MAGISTRAL
todo especial
a cada dia
e,
no entanto,
a maioria da
plateia
continua
dormindo(!?)
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homenagem aos professores

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Breve romance de sonho



Romance breve
Sonhei...
Confissões, ciúmes
Decisões
Vida por um fio
Ruas sombrias vaguei
Lampiões, lamparinas, ladeiras
Bares atraentes
Frequentei
Lares decadentes
Pernoitei...
;
Logrei curar
Infortúnios
Da apaixonada
Recém órfã
Da menina-meretriz
Criança maltratada
Pierrete inconformada
;
Postado no meio do nada
Claridade espraiada ao redor
Sem medo do novo
Ousei
Pelos cafés vienenses
Matutinos folheei
Por caminhos nonsenses
Sem rumo trilhei
Contra quem nada tinha a perder
Até a sorte tentei...
;
Disfarçado em palácios sórdidos
Ouvi cantos mórbidos
Enquanto damas mostravam sua nudez
Negros véus disfarçavam sua palidez
Seduzido, extasiado, erotizado
Bailei um balé esquisito
Maldito...
;
Conheci a fúria
Dos desconhecidos
E...
Ela
Sem que soubesse de onde surgiu
Nem imaginasse por que chegou
Assim
Louca
Linda
Nua
Ousou se sacrificar
Para me libertar...
;
Quem era ela?
Não sei!
Sua face não vi!
Não acordei!
Porque nem dormi!
;
[... um dia refaço o caminho
e lá estarará ela...
e outras
todas elas...
sorrindo para mim...]
;
Nunca mais
É tempo demais
Para não esquecer
De lembrar
O breve romance
Que pensei
Que sonhei...
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(...) O céu achava-se encoberto, as nuvens apressavam-se, o vento assobiava. Deu consigo postado no meio do nada, onde uma pálida claridade espraiava ao redor. Estava sozinho, o casaco aberto e não se sentia propriamente em segurança. Algo distante, via-se a larga estrada. Uma procissão de lampiões tremeluzindo sombrios indicava a direção da cidade. Todavia, pô-se a andar em linha reta, encurtando o caminho, seguindo o suave declive dos campos encharcados, a fim de, tão rápido quanto possível, retornar à companhia das pessoas... (...) (Trecho do livro "Breve romance de sonho", de Arthur Schnitzler)
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